domingo, 30 de maio de 2010

Quem representa os desempregados e outros descontentes?

CGTP, PCP e BE insistem na presença de 300.000 na manifestação de ontem. Sem querer entrar em grandes polémicas mas sabendo que especialistas conceituados como Alan Stoleroff e Isabel Brites fixam o número de participantes entre 100.000 e 130.000, há perguntas importantes que devem ser feitas.
Sabendo que o número de desempregados ronda os 700.000, que os professores fizeram uma manifestação com cerca de 120.000 ainda há poucos meses, que o próprio PCP terá juntado numa manifestação de militância outros 120.000, que vivemos tempos de extrema dificuldade para os trabalhadores portugueses, que a manifestação se realizou num sábado (logo os trabalhadores não foram pressionados para não participar), deve-se perguntar:
Quem esteve na manifestação?
Quem representa a CGTP?
Não há nenhuma estrutura que represente os desempregados?
Seguramente a grande maioria do povo português não está contente com a situação mas compreende que terá de fazer sacrifícios para safar o país das asneiras que os nossos políticos (todos, sem excepção) andam a fazer ao longo dos anos. O que o povo não compreende é que quando se fala em contenção da despesa do estado, em redução do número de deputados (e consequentemente de assessores e outros que tais) os partidos reagem, em uníssono, como virgens ofendidas tentando fazer-nos acreditar que só existe representatividade com 230 deputados e que se este número for reduzido os pequenos partidos (que por algum motivo permanecem pequenos) deixarão de estar representados.
Isto quer dizer uma de duas coisas:
Os partidos (todos) julgam que somos todos parvos (ou idiotas úteis como ousou chamar-nos o António “idiota inútil” Filipe) ou então são completamente incompetentes e não conseguem fazer uma lei eleitoral que garanta a proporcionalidade qualquer que seja o número de deputados.
Este é o resultado de termos uma assembleia que não faz leis e que portanto deixou de saber fazê-las e prefere encomendar as leis aos tais assessores.
São estes partidos e estas organizações que abominam os movimentos de cidadãos pelo simples facto de esses movimento pensarem, apresentarem propostas, serem livres e não enfeudados a nenhuma organização.

Talvez a manifestação de ontem sirva para que as estruturas organizadoras percebam que representam muito poucos.

1 comentário:

  1. Há quem se dê ao trabalho de fazer contas para provar que a redução do nº de deputados não prejudica os pequenos partidos.
    Aqui fica o exemplo:

    obrigado Virgílio Ferreira Dias!


    A intempestiva reacção de muitos deputados à Petição s/ a
    Redução de Deputados na AR, em particular os eleitos pelos pequenos Partidos –
    CDS, BE e PCP – mostrando a sua discordância, invocando para o efeito a perda
    de representação relativa do eleitorado, segundo a sua argumentação.

    ...Num pequeno exercício que realizei, cheguei a
    conclusões diametralmente opostas, desde que se faça uma recomposição dos
    círculos eleitorais, no sentido da sua redução, o que me parece de todo
    conveniente, tendo em conta que os Deputados são indicados pelas
    direcções partidárias, não sendo em geral oriundos dos círculos que
    representam.
    Tendo em conta que os Deputados participam e defendem muito
    ...pouco os círculos que representam.

    Assumi, como exercício, que os círculos eleitorais corresponderiam
    às 5 Comissões de Coordenação acrescidas dos Açores e Madeira.
    Também, retirei 4 deputados para as os círculos de fora de Portugal.
    Os resultados a que cheguei, segundo o método de Hondt, foram
    os seguintes:


    Situação Actual versus Redução de Deputados:

    PS 97 (42,92%) contra 71 (40,34%)
    PSD 77 (34,07% contra 58 (32,95%)
    CDS 21 (9,29%) contra 18 (10,23%)
    BE 16 (7,08%) contra 17 (9,66%)
    PCP 15 (6,64%) contra 12 (6,82%)

    TOTAIS: 226 contra 176

    Em conclusão, os pequenos partidos perdem mandatos numa
    percentagem muito inferior ao PS e PSD, sendo que o BE chega mesmo a ganhar um
    mandato.

    Desta forma, poderemos dizer que a argumentação expendida é mera poeira aos olhos para esconder outros interesses.


    Portanto, concluo eu, como nem contas sabem fazer, muito menos argumentos sabem invocar.
    É a força das frase feitas, das cassetes engolidas em lavagens cerebrais nos congressos e nas sedes dos partidos!

    E nós somos idiotas...

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