segunda-feira, 31 de maio de 2010

Mundo estranho em que vivemos

Os Israelitas assassinaram 19 pessoas e feriram muitas mais num ataque aos barcos que levavam ajuda alimentar para a Palestina.
Israel estava avisado de que a bordo seguia ajuda alimentar, deputados, jornalistas e elementos de organizações não governamentais.
Isarel pretende matar à fome e subjugar com a mais cínica ditadura todos os palestinos e os que não o sendo resistem e continuam a viver na Palestina.
Israel afronta o direito internacional e parece que ninguém se importa.
Estranhamente Israel não pertence ao eixo do mal.
Estranhamente Israel não sofre sansões internacionais.
Estaranhamente Israel continua a receber ajuda da UE e dos EUA.
Estarnhamente Israel continua a possuir armamento nuclear e parece que ninguém se importa.
Decididamente esse povo não é o povo de Deus.


Mourinho o “Special one” deu uma entrevista num portinhol horrível.
Mourinho viveu vários anos na Catalunha mas não é líquido que falasse espanhol ou então já tudo esqueceu.
Ontem os fantásticos reporteres das nossas televisões fizeram perguntas num “portinhol tipo Mourinho para pior” aos médicos da selecção espanhola sobre o portuguesíssimo Pepe.
Estranhamente os senhores jornalistas que ainda há poucos dias gozaram com o portinhol do nosso primeiro ministro, não viram nenhuma das reportagens anteriores.


Ontem nas comemorações do centenário da Sociedade Hípica Portuguesa, às quais presidiu Cavaco Silva, os jornalistas massacraram-no com perguntas sobre o tema presidenciais.
Estranhamente Cavaco esteve em grande nível e mostrou que quando se é convidado para uma casa, não se vai falar dos problemas de outra casa.
A Sociedade Hípica Portuguesa e todos os amantes dos cavalos agradecem.


Finalmente o PS anunciou o apoio a Manuel Alegre.
O apoio a Alegre na comissão política nacional do PS é da mesma “dimensão” do apoio há 5 anos a Mário Soares.
Vitor Ramalho não apoia Alegre porque não pode apoiar causas de há 30 anos.
Estranhamente os jornalistas acham que o PS está dividido.
Estranhamente Vitor Ramalho continua a apoiar Mário Soares ou quem Soares apoiar e não considera Soares uma causa de há 30 anos.
Têm razão. Há 30 anos Soares já estava fora de prazo.

domingo, 30 de maio de 2010

Quem representa os desempregados e outros descontentes?

CGTP, PCP e BE insistem na presença de 300.000 na manifestação de ontem. Sem querer entrar em grandes polémicas mas sabendo que especialistas conceituados como Alan Stoleroff e Isabel Brites fixam o número de participantes entre 100.000 e 130.000, há perguntas importantes que devem ser feitas.
Sabendo que o número de desempregados ronda os 700.000, que os professores fizeram uma manifestação com cerca de 120.000 ainda há poucos meses, que o próprio PCP terá juntado numa manifestação de militância outros 120.000, que vivemos tempos de extrema dificuldade para os trabalhadores portugueses, que a manifestação se realizou num sábado (logo os trabalhadores não foram pressionados para não participar), deve-se perguntar:
Quem esteve na manifestação?
Quem representa a CGTP?
Não há nenhuma estrutura que represente os desempregados?
Seguramente a grande maioria do povo português não está contente com a situação mas compreende que terá de fazer sacrifícios para safar o país das asneiras que os nossos políticos (todos, sem excepção) andam a fazer ao longo dos anos. O que o povo não compreende é que quando se fala em contenção da despesa do estado, em redução do número de deputados (e consequentemente de assessores e outros que tais) os partidos reagem, em uníssono, como virgens ofendidas tentando fazer-nos acreditar que só existe representatividade com 230 deputados e que se este número for reduzido os pequenos partidos (que por algum motivo permanecem pequenos) deixarão de estar representados.
Isto quer dizer uma de duas coisas:
Os partidos (todos) julgam que somos todos parvos (ou idiotas úteis como ousou chamar-nos o António “idiota inútil” Filipe) ou então são completamente incompetentes e não conseguem fazer uma lei eleitoral que garanta a proporcionalidade qualquer que seja o número de deputados.
Este é o resultado de termos uma assembleia que não faz leis e que portanto deixou de saber fazê-las e prefere encomendar as leis aos tais assessores.
São estes partidos e estas organizações que abominam os movimentos de cidadãos pelo simples facto de esses movimento pensarem, apresentarem propostas, serem livres e não enfeudados a nenhuma organização.

Talvez a manifestação de ontem sirva para que as estruturas organizadoras percebam que representam muito poucos.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Pela Redução de Alunos por Turma, pela Qualidade do Ensino

Caros Amigos,

Acabei de ler e assinar a petição online:

«Pela redução do número máximo de alunos e alunas por turma e por professor/a.»

http://www.peticaopublica.com/?pi=aluturma

Apesar de esta petição não ir tão quanto o que eu gostaria, ela representa um grande passo para a qualidade do ensino.

Se estiverem de acordo, subscrevam a petição e divulguem-a pelos vossos contactos.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A crise é só para alguns

"Segundo apurou o Correio da Manhã, cada jogador dos 24 seleccionados por Carlos Queiroz recebe uma diária de 800 euros."

in portal sapo, 27.maio.2010

A acreditar na notícia do "correio da manhã" e não desmentida até agora os magníficos jogadores da selecção nacional recebem a módica quantia de € 800,00 por dia enquanto durar o estágio pré-mundial.

Num dia em que o governo anuncia cortes significativos nos apoios aos desempregados (sem grande contestação de sindicatos e partidos da oposição!!!!!) somos brindados com uma notícia destas.

Estes meninos mimados que ganham fortunas nos seus clubes ainda recebem um subsídio diário (é assim que lhe chamam) de quase 2 salários mínimos para representarem Portugal e depois dizerem que é um orgulho.

Lamentavelmente não se ouve nenhum dos políticos da nossa praça a questionar este desperdício.

Sinceramente e a bem do País espero que sejam arrumados na 1ª fase isto porque será impossível impedí-los de se deslocarem à África do Sul e poupar uns quantos milhões.

Temos apenas de reconhecer que o dito subsídio fez maravilhas na motivação da selecção, é só recordar o fantástico jogo e a fantástica postura no jogo contra Cabo Verde.

O que considero mais lamentável ainda é o facto de muitos desempregados e outros com empregos menos do que precários pagarem para ver os meninos gozarem com eles.


Amigos, é muito bom revê-los!

Encontrei-me hoje, numa reunião profissional, com uma das melhores amigas do tempo da faculdade.
O tempo, o trabalho e a vida afastam-nos muitas vezes daqueles que foram (são) importantes na nossa formação enquanto cidadãos e estes momentos de reencontro são sempre algo de fantástico.
Estou muito feliz pela conversa amiga, pela partilha de preocupações e por sentir que passados 20 anos a amizade permanece e os princípios se mantêm.
No decorrer da conversa fui tendo consciência do mundo de facilidades que tem sido a minha vida e de quão pequenos são os meus problemas.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Meia Maratona EDP Douro Vinhateiro

Durante semanas fomos bombardeados com publicidade a esta Meia Maratona, com as referências às magníficas paisagens do Douro e com o apelo à participação de todos.
Ontem foi o grande dia, e o impensável aconteceu:
A partida foi dada às 11 horas da manhã sob um sol abrasador (eu comecei a correr antes das 9 e já estavam 20ºC) e para cúmulo não havia água disponível para os participantes.
Resultado, pelo menos 5 participantes tiverem de receber cuidados hospitalares e um permanece internado.
A organização, a todo poderosa EDP, desculpa-se dizendo que não esperava tantos participantes!
Como diz que disse?
Quem aceitou as inscrições?
Não havia um supermercado onde comprar uns milhares de garrafas de água?
Espero sinceramente que o IDP, retire todo e qualquer apoio a estas iniciativas da EDP e não lhe conceda futuras autorizações para provas de atletismo.
Já agora, ainda não (ou)vi o inefável Mexia a dar cara pela empresa (deve estar a fazer contas ao bónus...)

terça-feira, 18 de maio de 2010

Desemprego Ibérico e estratégias de crescimento

A social Europe e-newsletter desta semana publica o "Monthly Labour Market Monitor" debruçando-se em especial sobre Bulgária, Grécia, Irlanda, Polónia, Portugal, Roménia e Espanha. Como sabemos a situação não é famosa mas detenhamo-nos na Ibéria.
Abstraindo-nos da escala (os números espanhóis assustam quando comparados com Portugal) a situação é semelhante no que toca ao agravamento do desemprego mas apresenta algumas nuances que não devemos menosprezar.

Paralelamente ao desemprego são também evidenciados os problemas de execução orçamental, tendo como consequência os déficites excessivos (há algum déficite que o não seja?).

1) O desemprego em Espanha é o dobro de Portugal;
2) A agricultura do país vizinho apresenta um crescimento do emprego (único sector a crescer);
3) A Espanha não tem dúvidas sobre como combater a situação.


As grandes diferenças entre os dois países são:
- A Espanha não matou a sua agricultura e ela agora está a ajudar as pessoas.
- A Espanha não tem dúvida (e a União Europeia apoia) que tem de investir Biliões de euros em estradas e caminho de ferro para conseguir a retoma económica e ao mesmo tempo criar milhares de postos de trabalho, por cá os arautos (da direita) clamam para que nada se faça e se espere que a doença passe.
A ver vamos quem tem razão mas como sabemos a Espanha vai fundo nas crises mas depois sai rápido e com fortes crescimentos.

Aqui ficam os resumos sobre os dois países:

Portugal
According to Statistics Portugal, unemployment hit 563.3 thousand people in the fourth quarter of 2009, on a total employed population of 5 million workers. The unemployment rate is estimated at 10.1 %, up 2.3 pps on the corresponding quarter in 2008 and 0.3 pps on the third quarter of 2009. The increase in the number of men unemployed accounts for 60.9 % of the overall increase in unemployment. Most of the newly unemployed come from the following sectors: the mining and quarrying industry, manufacturing, electricity, gas and water supply, the construction sector and services. The participation rate of the working age population was estimated at 61.8 % (56.2 % for women and 68 % for men) in the fourth quarter of 2009, down 0.5 pps over the same period.
In March 2010, Portugal's unemployment rate reached 10.5 %, up 1.5 pps on the same month a year ago. This is double the percentage recorded in mid-2002. The change affected both female and male workers, as their unemployment rates rose respectively by 1.6 and 1.3 pps in the same interval, to 9.9 % and 11.2 % in March 2010.
The youth unemployment rate has also doubled since mid-2002, reaching 21.4 % in March 2010. GDP contracted by 2.7 % in 2009 (private and public consumption were the only GDP components to record quarter-on-quarter growth in the fourth quarter) and is expected to pick up only moderately in both 2010 and 2011, by respectively 0.5 % and 0.7 % according to the Commission's EEF. The fiscal consolidation strategy, designed to bring the budget deficit down from 9.4 % in 2009 to 8.3 % - possibly 7.3 % - this year and below 3 % of GDP by 2013 through a combination of expenditure restraint (e.g. civil servants' wage freeze) and revenueraising initiatives, will weigh heavily on all domestic demand components. In this context, the unemployment rate is forecast to peak at 9.9 % this year and to remain unchanged in 2011.


Spain
Spain's jobless rate topped 20 % of the workforce in the first quarter of 2010, its highest level since 1997, according to the Instituto Nacional de Estadistica (INE).
The number of unemployed increased by 286.2 thousand as compared with the previous quarter and by 602 thousand during the last 12 months, standing at 4.6 million. The same institute estimated that the number of employed persons decreased by 251 800 in the first quarter of 2010, as compared with the previous quarter, standing at 18.4 million, out of a total of 23 million active people. In the last year, employment had fallen by 696.6 thousand. According to recent statistics, 85 % of jobs lost
were temporary contracts. Female and male unemployment rates have been more or less the same since February, the former having risen by 1.3 pps to 19.1 % from March 2009 to March 2010, and the latter by 2.2 pps to 19.2 % over the same period. In the past 12 months, employment for women fell by 105 700, and for men by 591 000, according to the INE. The number of employed persons dropped in all age groups except in the 50-54 group, where it remained practically unchanged.
The decrease in employment figures was most pronounced among the youngest groups. Youth unemployment broke new records (37 % in the first quarter of 1998), as it exceeded the 40 % mark in February this year, reaching 41.2 % in March. This is exactly twice the EU average and more than double the overall Spanish unemployment rate. Many analysts point out that this phenomenon risks halting Spain's growth ambitions in their tracks and leaving a generation of school leavers stuck on the dole, as this worrying figure may not fall fast.
In the first quarter of 2010, the number of households with all active members working decreased by 213 400 to stand at 9.2 million. Over the last 12 months, the number of households in this category decreased by 400 000. The number of households in which all active members are unemployed increased by 230 200 in the last 12 months, to 1.3 million.
Regarding the quarter-on-quarter evolution by activity sector, the number of persons employed in agriculture increased by 52 600, to stand at 835 200. Those employed in industry decreased by 81 100 persons, to a total of 2.6 million. In the construction sector, in the first quarter of the year, a decrease of 139 700 was recorded in the number of employed persons, with employment in the sector standing at close to 1.7 million. Lastly, the number of those employed in services stood at 13.3 million, with a decrease of 83 600. Over the 12-month period, employment fell mostly in construction (-15.9 %) and in industry (-10.4 %).
Spain's government has pledged to reduce its deficit from 11.2 % of GDP in 2009 to 3 % by 2013, as it envisages substantial cuts in public expenses, a civil servants' hiring freeze, raising taxes and raising the retirement age from 65 to 67. Spain's overall debt remains low compared to some other EU countries, as it stood at 53 % of GDP last year. In this context, after contracting by 3.6 % last year, it may be assumed that the economy would stabilise in 2010 (-0.4 %) before growing again in 2011 (+0.8 %). To help its economy recover, Spain is to invest billions of euros in rail and road projects. This plan is expected to create thousands of new jobs and boost the economy struck by the collapse of its construction sector and the effects of the recent international financial crisis. In this context, according to the Commission's EEF, Spain's unemployment rate could stabilise at around 19.7 % this year and remain unchanged in 2011.

domingo, 16 de maio de 2010

Performance...

11km em 56'58" (5'11"/km)

Saldanha Sanches

Saldanha Sanches partiu na passada sexta-feira derrotado pela doença.
Antes de partir deixou-nos uma crónica "os papa-reformas" que espelha o que é o país e que, como sempre, demonstra um pensamento rectilíneo de quem não está, nem esteve, condicionado pelo poder e pelas suas mordomias.
Saldanha Sanches é a a antítese de Silva Lopes e Medina Carreira. O Homem corajoso que enfrentou a PIDE, suportou a prisão e a tortura sem virar a cara à luta, viveu em democracia sem abdicar dos seus princípios e foi, provavelmente, o nosso maior fiscalista.
Aconselho-vos a leitura da sua última crónica que lamentavelmente o "Expresso" não disponibiliza gratuitamente...


quinta-feira, 13 de maio de 2010

MFL no seu melhor



"Se os senhores quiserem saber a minha opinião tenho dezenas de artigos e de discursos escritos. Não vou abrir boca, abri durante dois anos e estão agora todos a sofrer as consequências do que eu falei e escrevi", afirmou Manuela Ferreira Leite em declarações ao Económico.

Mais valia ter estado calada que agora não sofríamos... Ou será apenas mais um exemplo da sua má relação com o Português?

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Clube de Ténis de Ovar



Luís Mota e Francisco Horta foram considerados os alunos do mês de Abril do CTOvar, pela excelente atitude demonstrada nos torneios (atingiram várias finais de torneios sub16 e sub18), pelo respeito pelos treinadores e pelo esforço nos treinos. Queremos deixar uma palavra de apreço ao atleta Carlos Bráz pela excelente exibição nos interclubes sub16 (ficando com a alcunha de "O Herói de Sexta Feira").

Raquet: Babolat (Luís) Yonex (Horta)
Anos de prática: 2
Treinadores: Rúben Ferreira e Bruno Polónia
Jogador preferido: Rafael Nadal (Luís) e o Horta não comunicou

Nota: Os treinadores do Clube de Ténis de Ovar aconselham os seus atletas a dedicarem-se aos estudos neste 3º período para termos um verão cheio de ténis!!!

Será hipocrisia ou apenas ignorância?

Depois de ser evidente que vão ser precisas medidas duras e eficazes para o combate à crise parece que todos têm ideias para apresentar.

A mais injusta, impopular e absurda mas mais fácil para os políticos é, a ontem apresentada por todos os jornais, (sem se referirem à sua paternidade) a transformação do 13º mês num imposto de igual valor.

É uma medida brutal, especialmente para os pequenos e médios rendimentos e representa qualquer coisa como uma taxa (adicional) de 7% sobre o rendimento do trabalho dependente (e só deste, deixando de fora mais uma vez a economia especulativa).

É uma medida estúpida porque ao mesmo tempo que arrecada cerca de 2400 milhões de euros, retira esses mesmos 2400 milhões à economia, isto é, deixarão de ser transaccionados bens e serviços nesse mesmo montante, suponho que esta medida é o que os nossos políticos (excepção ao PCP, BE e Verdes) chamam de apoio às micro, pequenas e médias empresas...

Por outro lado vem o PPC, o tal que apesar de nunca ter ido a votos se sente mandatado pelos portugueses(!) dizer (justificando-se com as medidas espanholas):

“Espero que os portugueses tenham uma noção clara do sentido de emergência da situação. O caso espanhol, que apresentou hoje um conjunto de medidas, dá uma noção aos portugueses"
"Temos de ter um equilíbrio com medidas de aumento de receita mas também de redução de despesa. E ninguém pode ficar de fora, da banca a qualquer outro sector, com uma discriminação positiva face às pessoas com menos rendimentos e numa situação mais frágil".

"Até ao final de semana o país terá um conjunto de medidas para apresentar aos mercados, entre elas a proposta para cortar em 2,9% os salários dos políticos e gestores públicos”

Só se esqueceu (não sabia ou ignorou propositadamente) que esta manhã, o Governo espanhol avançou com novas medidas de austeridade que implicam a redução em 5% dos salários da Função Pública e o corte de 15% nos rendimentos dos membros do Governo e classe política.

Pois é, para PPC 2,9% é o mesmo que 15% desde que o corte de 2,9% seja no bolso dele...

Para terminar uma palavra de ânimo. Os resultado do 1º trimestre mostram a economia portuguesa a avançar mais que a zona Euro e a UE pelo 2º trimestre consecutivo, resultado de um forte crescimento das exportações.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Sobreda


Esta fabulosa égua, tem sido minha companheira nos últimos meses.
É do André Peres, que deixou de saltar com ela e tenho sido eu a montá-la.
Depois de bastante tempo de adaptação um ao outro iniciámos este mês os saltos de obstáculos a sério.
Na semana passada já fizemos percursos a 1 metro com bastante qualidade.
Espero fazer algumas provas com ela este verão.

OS “CRAQUES” SEGUNDO EINSTEIN

Um artigo, cheio de significado, retirado de "institutoliberdadeeconomica.blogspot.com", da autoria (o artigo e o blog) do professor Jorge Vasconcellos e Sá:

No outro dia, encontrei uma frase: “I do not care about how much youknow until I know how much you care”.

Eu repito: “Não me interessa quanto sabe, até saber quanto se interessa”.

Poucas vezes uma frase tão pequena resume uma verdade tão grande.

É jogador de futebol? Dá mil “toques” com o calcanhar do pé esquerdo? E 1500 com o ombro direito? Mas não quer correr? Não quer lutar? Não quer “meter” o pé, suar? Deixar parte de si em campo?

Não se vá embora. Só um minuto. Vou recomendá-lo já ao clube rival. Tá? É do Benfica? Tenho aqui um excelente jogador para vocês. A minha sugestão? Defesa central: bem em frente da baliza. Façam-lhe o teste: peçam para ver a habilidade, o que sabe fazer e ficarão encantados. E eu até ajudo a pagar parte do salário. Quem é amigo, quem é?

Nunca mais me esqueci de Diamantino (ex-extremo do Benfica). Quando o Benfica dominava e no dizer de Mário Wilson, quem o treinava arriscava-se a ser campeão, ganhar ao clube da Luz era acontecimento nacional.

Um dia após uma derrota na Luz contra um clube pequeno, perguntaram ao Diamantino, o que se tinha passado. “Culpa nossa”, foi a resposta. “Somos melhores que os outros. Donde, se corrermos tanto quanto eles, ganhamos. Mas se corrermos menos, então, e só então, damos hipóteses”.

O que me interessa que uma pessoa saiba muito se dentro dela há tantos direitos, tantos direitos que não há lugar para deveres? Se está tão cheio de conhecimento como vazio de atitude?

É um egoísta. É um irresponsável. É um preguiçoso. Não consegue chegar a horas a lado nenhum (começando pelas 9h da manhã no posto de trabalho). Não se esforça. Não ajuda (quando os outros precisam ainda que não tenha que). Não cumpre prazos. A qualidade tem o heterónimo de tanto faz e o sinónimo de fica para a próxima. Especializa-se em levantar dificuldades em vez de apresentar soluções (é parte do problema e não da solução). Horas extraordinárias das duas uma: ou pagas, ou com má vontade. Almoço? Sagrado. Férias? A agência tem prioridade sobre a empresa.

Há tempos o dono de um jornal para estrangeiros em Portugal dizia-me: nos últimos 20 anos passaram mais de uma centena de pessoas pelo meu jornal. Não queria mais de meia dúzia de volta. O problema dos (alguns) portugueses é um problema de atitude.

Que engloba, dizia-me um empresário espanhol, o antagonismo patrão-empregado. “Em Espanha estamos do mesmo lado a puxar pela empresa; aqui em Portugal... faltam muito... e não se importam... há uma cultura de confronto...”.

Qual é a universidade em Portugal que além da 1ª parte (how much you know?) também ensina a 2ª (how much you care?). Disciplina. Rigor. Respeito. Esforço. Organização. Sentido do dever. Numa palavra: ética do trabalho. Qual?

A criancinha reprova? Não faz mal: tem mais dois exames (é tal e qual como nas empresas: a apresentação ao cliente correu mal? não tem importância: ele deixa repetir duas ou mais vezes). Entrada a horas nas aulas? Estar calado? Desligar o telemóvel? Tomar notas? Estudar à tarde? Entregar os trabalhos no prazo? (como? se os autocarros se atrasam, o metro pára, o computador se avaria e o inesperado sempre, sempre, acontece?).

Uma universidade em Portugal para ganhar vantagem competitiva não tem que ensinar mais. Nem melhor. Tem que ensinar diferente. Focar no “how much do you care?”, além de, em paralelo no “how much do you know?”.

Se além de conhecimentos, transmitir uma atitude, cultura de rigor, ética de trabalho, então sim, então faz a diferença.

Por isso, para dentro do campo? Só vão os que “comem” a relva. Os artistas? Esses têm lugar reservado na bancada. Ou no clube rival.


Porque o génio, segundo Einstein é um por cento de inspiração, e noventa e nove por cento de... transpiração.


Coisas estranhas!

Nestes dias em que ponderação e bom senso seriam aconselháveis vemo-nos perante factos que prefiro chamar de estranhos para não parecer ofensivo para quem os pratica.
Relembremos alguns quesitos que caracterizam a nossa república.
Vivemos numa (dita) democracia parlamentar e num regime semi-presidencialista em que todo o poder executivo pertence ao governo.
As últimas eleições, realizadas há pouco mais de seis de meses, tiveram um vencedor inequívoco que, como é lógico, formou governo e tem mandato para 4 anos apesar do partido mais votado não ter (felizmente, digo eu) maioria absoluta.
Dentro de 8 meses teremos eleições presidenciais, pelo que, sendo o actual presidente um provável candidato, se esperaria alguma elevação e algum recato especialmente se tivermos em consideração que os primeiros 4 anos do seu mandato revelaram uma ausência absoluta de actividade política, mesmo quando tal se impunha.

Posto isto convém referir que ao governo compete governar, ao presidente compete velar pelo regular funcionamento das instituições democráticas, ao parlamento compete legislar e à oposição lutar pelas seus ideais e tentar influenciar governo e opinião pública para as suas causas.

Os factos estranhos:

Um grupo de ex-ministros das finanças pede uma audiência ao Presidente da República porque está muito preocupado com a situação do país.

Seria de esperar, se tivéssemos um Presidente com “P” e com “eles no sítio”, que o Presidente lhes dissesse: Meus senhores, reconheço a vossa preocupação mas, como sabem, quem tem o poder executivo é o legítimo governo de Portugal pelo que a audiência que me pedem deverão pedí-la ao Sr.Primeiro Ministro e eu predisponho-me a interceder para que sejam recebidos rapidamente.
Como sabemos nada disto aconteceu e o presidente resolveu recebê-los para passar a manhã em amena cavaqueira, pois daqui nenhuma medida poderá sair.
Por outro lado, estes senhores, tão preocupados com a situação actual, são os principais obreiros da situação em que nos encontramos (alguns deles foram-no debaixo das ordens do actual presidente!).
Outro facto curioso é que entre esta amálgama de ex-ministros se encontram os que sempre se degladiaram, o que quer dizer que não têm qualquer vergonha e que nos andaram a enganar pois, no final defendem uma e a mesma coisa.

Depois da reunião de fim de semana, em que a UE (leia-se Alemanha) impôs medidas mais drásticas às economias mais frágeis (muitas delas iguais às que propus em post anterior), o inefável Sócrates, antes de aterrar em território nacional, telefona ao suposto líder da oposição para combinar as medidas que terá de impor ao povo português.
Por um lado gosto dos que exercem a autoridade porque para tal foram legitimados, e este governo foi-o, por outro não há maior sinal de fraqueza do que pedir ao “inimigo” que apoie as nossas medidas para que se diluam responsabilidades, mas foi isso que Sócrates fez.
Mas, convém não esquecer, que ninguém mandatou Passos Coelho como representante dos portugueses...
Aos partidos da oposição exigem-se alternativas não o apoio ao governo. Especialmente àqueles que se recusaram a formar governo em coligação com o vencedor.

Para concluir volto a enumerar as medidas urgentes que terão de ser aplicadas e que duvido que os senhores acima referidos tenham coragem para as implementar:

1 – Limitar as pensões de reforma a um máximo de € 3.000,00 (excepção para os ex- Presidentes da República);

2 – Congelar as entradas na função pública (especialmente nos serviços municipais) em todos os serviços, com excepção da saúde e da educação;

3- Limitar o número de alunos por turma a cerca de 15 e criar um ensino exigente e por níveis (isto é desdobrar os programas e as turmas em várias turmas, por nível de aprendizagem) com esta medida além de aumentar a exigência e qualidade do nosso ensino serão criados bastantes postos de trabalho pois os professores actuais não são suficientes;

4 - Acabar com os horários zero em toda a função pública e especialmente na educação;

5 - Cortar na despesa militar equacionando, a médio prazo, limitar os efectivos aos mínimos exigidos para honrar os acordos internacionais;

6 - Isentar de IRC, por um período de 5 anos, todas as empresas que invistam 75% dos lucros líquidos (90% para o sector terciário). Esta medida levará a uma inevitável renovação da nossa indústria, agricultura e pescas que resultará numa maior competitividade e num aumento de emprego;

7 - Aumentar o salário mínimo para € 550,00 a € 600,00. Esta verba é directamente injectada na economia pois será (quase) inteiramente transformada em consumo e terá benefícios consideráveis ao nível da satisfação global dos trabalhadores;

8 - Aumentar o IVA, por um período de 5 anos, para 23% (25%?);

9 - Limitar o número de empresas municipais e “plafonar” os salários aqui pagos;

10 - Obrigar (por normas internas, já que não pode ser por lei) todas as empresas públicas a fornecerem-se em Portugal (CP, Estaleiros Navais, Metro, TAP...);

11 - Idem para os municípios e empresas municipais;

12 – Terminar com as parcerias público-privado, em especial no sector da saúde;

13 – Travar e reverter a privatização do negócio das águas;

14 – Portajar todas as auto-estradas com um custo por km definido por lei e igual em todo o território português;

15 – Suspender todas as assessorias de gabinetes privados a ministérios e assembleia da república;

Para finalizar resta referir-me aos grandes investimentos do estado.

Ao contrário da turba, afirmo que é urgente que não se suspendam TGV, Aeroporto de Lisboa e Autoestradas do interior.

A actividade económica que estes projectos trarão a Portugal e a imediata criação de emprego são factores cruciais para o desenvolvimento do país e para a saída crise.

Se alguém falar na dificuldade de financiamento, poderemos sempre equacionar a venda dos magníficos submarinos que Portas/Durão/PSL adquiriram, que custaram uma pipa de massa e não darão nem emprego nem competitividade económica ao país...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O €uro e a (macro)economia europeia

Voltemos atrás no tempo e paremos em 1 de Janeiro de 2002.
O €uro, moeda criada artificialmente e contra a vontade de EUA, Japão e UK, entra finalmente em circulação tentando firmar-se como divisa de referência no comercio internacional em contra--ponto com o U$ dólar.
A (artificial) paridade inicial (€1,00 por $1,00) rapidamente se esvai e se o €uro em 2002 se situa próximo deste valor ($0,97 a $1,17), rapidamente os americanos se apercebem que podem utilizar a fanfarronice dos europeus, todos inchados com uma moeda forte, em seu favor e começam uma desvalorização sistemática e constante da sua moeda ($1,20 a $1,30 em 2004 e $1,23 a $1,49 em 2009) que chegou a ter um pico superior a $1,50.
Paralelamente os USA foram sempre muito reactivos à (sua) produção industrial e aos ataques externos alterando imediatamente as taxas directoras, ao contrário do BCE.

A pergunta que se impõe é: A quem interessa um €uro forte?

Não será, certamente, às economias mais frágeis e dependentes do exterior (Portugal, Espanha, Grécia, Irlanda e em menor escala Itália) mas também não às economias fortes (Alemanha e França).
O €uro forte interessa a vários:
Na Europa, todos os países que estão fora da zona €uro são manifestamente beneficiados com especial relevância para o UK.
Fora da Europa, os dois gigantes que o €uro queria combater, USA e Japão (mais aquele do que este) e os inevitáveis países ditos emergentes (Brasil, Russia, Índia, China, África do Sul e Angola).
Não é por acaso que a cada medida da UE para tentar consolidar as contas dos países da zona €uro, as agências de rating (todas americanas) baixas ou ameaçam baixar as classificações a países da zona €uro e aí, claro que os alvos mais fáceis são as economias menos sustentáveis com Portugal à cabeça.

A solução mais simples, mas teria sempre a oposição do UK e da Polónia, (que estão bem assim, note-se que estas economias não investirão um cêntimo a ajudar a Grécia quando nós, verdadeiros pés descalços, entraremos com €2.000.000.000,00) seria uma desvalorização imediata do €uro para a paridade com o U$ dólar.

As consequências seriam imediatas e tornariam os nossos produtos (mais) competitivos em todo o globo, aumentando fortemente as exportações. Obviamente que seria mais caro importar produtos e passar férias lá fora mas, penso que todos viveríamos bem com essas consequências especialmente porque o aumento da actividade económica e, consequentemente do emprego, nos deixaria menos tempo para férias.

Talvez alguém lá para os lados do BCE (o Constâncio já está a caminho) leia estas linhas e pense no assunto.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Manuel Alegre

Volvidos 5 anos cá estamos de novo.
O país está pior mas a luta é a mesma! Desta vez vamos ter Presidente.
Espero que o PCP siga aquilo que o PS (parece que) vai fazer: Apoiar o único candidato que derrotará o não-Presidente.
Aqui fica o discurso de apresentação da candidatura:

"Amigos, companheiros e camaradas

Foi uma ilha dos Açores a última parte de Portugal a deixar de o ser durante a ocupação filipina, e também a primeira que dela se libertou.

Ilhas de liberdade, foi dos Açores que partiu a Armada Liberal levando, como soldados, Almeida Garrett e Alexandre Herculano.

Ilhas de Portugal, os Açores são a expressão mais alta da nossa atlanticidade que, segundo Jaime Cortesão, é a essência da alma nacional e da nossa própria identidade.

Atlanticidade que é também o traço decisivo da nossa singularidade como país europeu. É ela que marca a diferença de Portugal na União Europeia e nos permite continuar a ser uma ponte entre o velho mundo e o novo, processo esse em que a Região Autónoma dos Açores, como se viu, recentemente, na renegociação do Acordo das Lages, desempenha um papel de capital importância.

Terra de Antero de Quental, um dos maiores poetas portugueses de sempre, homem de pensamento e de acção, e um dos fundadores do primeiro socialismo português.

Num tempo em que se questiona a qualidade da nossa democracia, para cuja renovação e revitalização venho alertando há vários anos, vale a pena recordar a actualidade e modernidade de Antero.

Actualidade do seu conceito de democracia: "É a igualdade económica e social tendo por instrumento a liberdade política".

Actualidade da ideia de tolerância: "Não pretendemos impor opiniões, vimos simplesmente expor as nossas; não pedimos adesão, pedimos apenas discussão."

Actualidade e modernidade de Antero, quando nos alerta para os riscos da indiferença em política: "Um dos piores sintomas de desorganização social que num povo livre se pode manifestar é a indiferença da parte dos governados para o que diz respeito aos homens e às cousas do governo. Um povo de dormentes só no cemitério se encontrará."

Actualidade e modernidade de Antero quando nos adverte para o perigo dessa doença chamada atonia: "No mundo político manifesta-se pelo abatimento de todos os centros locais, pelo desaparecimento de qualquer iniciativa independente da direcção oficial, pela substituição de um mecanismo superficial e mesquinho à bela e rica manifestação espontânea das forças livres e originais, pelo arrefecimento, pelo empobrecimento da vida nacional, em proveito de uma coisa falsa, artificiosa e estéril, a centralização."

Modernidade e actualidade de Antero quando a si e aos seus deste modo se define: "Como homens de acção a nossa divisa é esta: crítica e reforma das instituições, paz e tolerância aos homens."

Eis aqui alguns tópicos que continuam a ser uma inspiração para a renovação da nossa vida política.

E eis as razões por que escolhi Ponta Delgada para, no uso de um direito constitucional, apresentar formalmente a minha candidatura à Presidência da República.

Homenagem à autonomia, sinónimo de liberdade, democracia, desenvolvimento e justiça social. Autonomia cujo aprofundamento e aperfeiçoamento reforçam a especificidade do povo açoriano como parte integrante da identidade nacional portuguesa e o insubstituível contributo da Região Autónoma dos Açores para o fortalecimento da unidade da República.

Sou republicano e socialista. Não renego a minha família política de origem. Na pessoa de Carlos César, grande referência dos Açores, do PS e da República, saúdo todos os socialistas e democratas açorianos. Saúdo os representantes aqui presentes do Movimento de Intervenção e Cidadania, do Bloco de Esquerda, da Renovação Comunista e do Partido Democrático do Atlântico.

Saúdo todos os cidadãos e cidadãs independentes que, através de múltiplas formas, têm impulsionado o movimento que está na origem desta candidatura.

Nas pessoas do Presidente Almeida Santos e do Secretário Geral José Sócrates, saúdo o meu partido, o Partido Socialista.

Saúdo igualmente todas as forças de esquerda, todos os democratas, de todos os quadrantes, que desejam um Presidente que seja uma alternativa, não de governo, mas de atitude, de pensamento, de uma outra visão de Portugal e do mundo. Uma alternativa cultural, cívica e ideológica que se projecte no estado geral do país. Um Presidente é mais que um espectador atento, mais que um garante institucional. Um Presidente é, deve ser, o intérprete e o representante da Nação no seu todo.

Esta campanha será o que quiserem os homens e as mulheres, cidadãos do meu país que nada desejam para si, mas que pelo seu trabalho voluntário sabem que podem contribuir para mudar a política e construir uma nova esperança. A participação cívica é condição da renovação e revitalização da democracia. A todos, homens e mulheres que são a força e a alma de Portugal, a todos, sobretudo aos jovens, humildemente me dirijo, para que cada um, na medida das suas possibilidades, faça desta campanha uma campanha diferente que seja já, em si mesma, um sinal de mudança e de renovação.

Sei que ao Presidente não compete governar. Critiquei, desde o início, o conceito de cooperação estratégica, que tem implícita a ideia de uma partilha de governação e, por isso, é susceptível de gerar conflitos institucionais.

Ao Presidente, para além de garante da estabilidade política e do regular funcionamento das instituições, compete também ser o intérprete da Nação e o mobilizador das energias do país. É esse o significado da eleição directa do Presidente da República. E é desse impulso que Portugal precisa, num período de crise e desalento, em que é urgente despertar a alma nacional. Portugal precisa de se reidentificar e reconciliar com a sua matriz de povo multi-secular, solidário, empreendedor. Portugal sempre foi um país de combates e desafios. Não é da nossa matriz virar a cara. Eu confio nos portugueses e acredito na minha Pátria.

Tenho consciência de que apresento a minha candidatura num momento de grave crise nacional agravada por um ataque especulativo contra o nosso país e contra o euro. Trata-se de uma crise que, para além de causas estruturais próprias, é inseparável de problemas nunca resolvidos no seio da União Europeia, nomeadamente a ausência de coordenação de políticas económicas como complemento necessário da união monetária. É evidente a desorientação e a falta de capacidade da União Europeia para responder a uma crise desta natureza. É com tristeza que o digo. É óbvio que o movimento especulativo que visa agora Portugal faz parte de uma acção organizada contra o euro. É difícil compreender como é que a União Europeia foi capaz de reagir tão rapidamente para salvar o sistema bancário e agora hesita em acudir aos países mais vulneráveis que estão a ser alvo de ataques especulativos dentro da própria Europa.

É a hora de uma reflexão no sentido de saber se a União Europeia é ou não capaz de pôr em prática políticas de coordenação económica, de estabilização financeira e outras susceptíveis de impedir que os países da zona euro venham mais cedo ou mais tarde a pagar um duro preço pelas omissões actuais. Mais do que um projecto monetarista, a Europa tem de ser um projecto político, um projecto de sociedade e um projecto de civilização. E sobretudo um projecto de solidariedade entre iguais.

Seja como for, Portugal está confrontado com uma situação muito crítica.

Hora de responsabilidade, de verdade e de solidariedade. Hora, também, para, no quadro das dificuldades existentes, tudo fazer para preservar o Estado Social. O país tem de ser mobilizado. Mas só o será se compreender o sentido das medidas e dos sacrifícios que lhe são pedidos. E por isso, além de rigor e austeridade, é necessária uma grande exigência ética. Contra os predadores do mercado, a única resposta tem de ser a mobilização geral para uma estratégia de crescimento económico. Sem abdicar do papel do Estado, quer no investimento público susceptível de estimular a economia e o emprego, quer no combate às desigualdades salariais e na adopção de políticas de uma mais justa redistribuição de rendimentos.

Os portugueses saberão corresponder. Com uma condição: não pode haver sacrifícios para quase todos e benefícios apenas para alguns. Mais do que nunca seria necessário promover um plano concertado entre Governo, partidos políticos e parceiros sociais. Sem apagar as diferenças e as divergências, há que realizar esforços no sentido de se tentar a máxima convergência para defender o interesse nacional, de modo a que se possa enfrentar a crise sem pôr em causa os direitos sociais dos cidadãos, sobretudo dos mais fracos e desprotegidos.

A opção pelo investimento público, que não se resume, como se pretende fazer crer, às grandes obras públicas, mas tem vindo a ser realizado nomeadamente na construção de escolas e hospitais, não pode estar a ser posta em causa por sucessivas intervenções susceptíveis de leituras políticas contrárias à solidariedade e à coesão institucional.

Em momentos de crise a obrigação dos responsáveis políticos é não entrar em pânico. E o papel do Presidente da República deverá ser o de promover a concertação.

Reafirmo o carácter supra partidário da minha candidatura. De acordo com o espírito da Constituição, trata-se de uma decisão pessoal.

Candidatura supra partidária, mas não neutra.

A actual legislatura tem poderes de revisão constitucional. Não me compete substituir-me aos deputados. Mas não farei de conta que não é comigo e não abdicarei da minha opinião.
Os portugueses sabem o que sou e o que penso. Sabem que sempre preservei a minha independência e a minha liberdade de consciência. Sabem também que sou um homem livre e frontal, de causas e combates. Sabem, por isso, que me pautarei sempre pelo interesse nacional, pelo respeito da Constituição e pela ética republicana, como referência de probidade, como defesa da causa pública e como serviço ao país.

Os portugueses podem orgulhar-se da actual Constituição da República, que é uma Constituição democrática e uma das mais avançadas da Europa. Uma Constituição que tem permitido as mais variadas soluções de governo, de direita e de esquerda, com maioria relativa ou absoluta, de um só partido ou de coligações. A Constituição nunca foi nem é um obstáculo à governação de Portugal.

Não serei neutro, como nunca fui, na defesa dos valores e princípios consagrados na Constituição da República. Não só dos direitos, liberdades e garantias de todos os cidadãos, contra qualquer forma de descriminação, mas também dos direitos sociais que nela estão consagrados. Esta é uma questão essencial dos próximos combates políticos. É preciso saber de que lado se está. Eu estou pelo Estado Social contra a tentativa de o substituir por um estado mínimo.

Não serei neutro na defesa de uma Escola Pública exigente e de qualidade.

Não serei neutro na defesa do Serviço Nacional de Saúde.

Não serei neutro na defesa do Sistema Público de Segurança Social.

Não serei neutro na luta pela decência da democracia e pela transparência da vida pública, contra o clima de permanente insinuação e suspeição que mina a confiança dos cidadãos.

Não serei neutro relativamente à necessidade de a Justiça reassumir com autoridade e prestígio o seu papel de pilar essencial do funcionamento do estado de Direito.

Não serei neutro na defesa do papel insubstituível das Forças Armadas e no apoio aos militares portugueses empenhados em missões decorrentes dos compromissos internacionais do nosso país.

Não serei neutro na valorização da História, da Cultura e da Língua portuguesa e na defesa dos interesses e valores permanentes de Portugal.

Há quem me pergunte por que motivo me recandidato. Faço-o pela convicção de que Portugal precisa. Mas faço-o sobretudo a pensar nas gerações mais novas, frequentemente acusadas de desinteresse pela política. Aos seus ouvidos chegam os ecos das críticas feitas aos políticos e a uma política que muitas vezes nada lhes diz.

Mas às novas gerações digo também, sem qualquer paternalismo, que se deve fazer justiça aos que travaram os combates cujo denominador comum foi a causa da liberdade. Houve uma geração que lutou pelas liberdades públicas que permitem uma cultura criativa, pela liberdade de pensamento que propicia uma investigação científica independente e pela liberdade que respeita, nas mentalidades e nos comportamentos, as escolhas de vida, nomeadamente as sexuais. Uma geração que lutou pela liberdade dos povos colonizados, porque, como então se dizia, a independência está para os povos como a liberdade está para os indivíduos.

Não temos que nos arrepender nem vangloriar. Fizemos o que devíamos fazer. E nem sempre fizemos bem. E muitas vezes ficámos aquém do que podia e devia ter sido.

Mas não podemos conformar-nos. Não são as velhas gerações que podem renovar a democracia e o país. E por isso pergunto às novas gerações: o que desejam construir? Quais as vossas causas? Não sou eu que vou responder. O motivo por que esta candidatura vale a pena não tem somente a ver com o que vou fazer como Presidente, mas sobretudo com o que as novas gerações podem fazer para renovar a política e para mudar Portugal.

Sei que muitos políticos têm o hábito de se dirigir aos jovens em períodos eleitorais para que se mobilizem e façam número nos comícios. Não é esse o meu intuito, nem é o meu estilo. Tenho uma vida longa, já sou avô, o que quero é ouvir os mais novos para sentir as suas causas escondidas, os seus sonhos adiados, as suas ambições. E também as suas queixas, as suas revoltas, os seus sentimentos. Quero aprender com os mais novos coisas e causas novas, ideias e projectos. Digo isto porque a função do Presidente da República é assegurar a coesão, não só a coesão social (tão necessária), não apenas a coesão territorial (igualmente indispensável), mas também a coesão inter-geracional.

Sou mais velho, é certo. Mas como lutador, desculpem lá, não há ninguém tão novo ou mais novo do que eu.

E por isso pergunto: como vamos ultrapassar a precariedade das vossas condições de trabalho? Como vão as novas gerações construir uma sociedade onde o trabalho digno seja um direito de todos, fonte de realização pessoal, contributo para o bem da comunidade, exercício de responsabilidade profissional? Como vamos manter viva a nossa legítima ambição de vencer, sendo competitivos e capazes do melhor, mas sem cairmos nos excessos da competição que nos impede a solidariedade e nos leva a esquecer os mais fracos e os mais fragilizados?

Por tudo isso dirijo daqui um apelo para que as novas gerações façam ouvir a sua voz, para que se reencontrem com as suas causas, para que mostrem o que pretendem construir e não privem o país do seu contributo decisivo. Por vezes parece que nos comprazemos em nos subestimarmos como povo, como se estivéssemos condenados à decadência. Portugal é um dos mais velhos países da Europa. Mas pode voltar a ser um país novo e de vanguarda, se as novas gerações forem capazes de partir para novos sonhos e novas descobertas.

A nossa aposta é o vosso futuro, o vosso emprego, o vosso primeiro emprego, a vossa realização, o vosso bem estar. E por isso vos digo: assumam o vosso destino, ousem romper e propor, ousem combater pelos vossos direitos e pelo vosso lugar no vosso país.

Está nas mãos das novas gerações, mas também das mais velhas, um novo idealismo democrático e um novo patriotismo.

E por isso termino dizendo-vos: quero ser mais do que o vosso Presidente, quero ser o vosso aliado e o vosso companheiro de viagem.

Pela renovação da política e da democracia.

Viva a República.

Viva Portugal.

Manuel Alegre
Ponta Delgada, S.Miguel, Açores"



Obrigado Inês!

Não há muito tempo escrevi um post em que criticava amargamente Inês de Medeiros, a propósito das viagens para a sua casa e do subsídio que receberia da assembleia da república.
Hoje é tempo, não de lhe pedir desculpa mas, de lhe dar os parabéns pela acção, pelo timing e pela serenidade.
Teve a elevação necessária para não se meter numa discussão, envenenada pela direita bafienta e pela esquerda invejosa, sobre um assunto em que era parte interessada.
Esperou e quando o parlamento arranjou uma solução (que a mim me parece justa) prescindiu do dinheiro.
Dir-me-ão que o fez porque é rica. Não sei se o é mas, certamente que o dinheiro não lhe fará muita falta mas, o que também é certo é que pagará para estar no parlamento (o que terá de pagar para visitar a família regularmente é mais do que aquilo que o país lhe paga).
O país e muito especialmente o parlamento, precisa de gente desta, gente educada, gente que trata os assuntos com elevação e que nos fazem acreditar que ainda vale a pena.
Obrigado Inês!