Voltemos atrás no tempo e paremos em 1 de Janeiro de 2002.
O €uro, moeda criada artificialmente e contra a vontade de EUA, Japão e UK, entra finalmente em circulação tentando firmar-se como divisa de referência no comercio internacional em contra--ponto com o U$ dólar.
A (artificial) paridade inicial (€1,00 por $1,00) rapidamente se esvai e se o €uro em 2002 se situa próximo deste valor ($0,97 a $1,17), rapidamente os americanos se apercebem que podem utilizar a fanfarronice dos europeus, todos inchados com uma moeda forte, em seu favor e começam uma desvalorização sistemática e constante da sua moeda ($1,20 a $1,30 em 2004 e $1,23 a $1,49 em 2009) que chegou a ter um pico superior a $1,50.
Paralelamente os USA foram sempre muito reactivos à (sua) produção industrial e aos ataques externos alterando imediatamente as taxas directoras, ao contrário do BCE.
A pergunta que se impõe é: A quem interessa um €uro forte?
Não será, certamente, às economias mais frágeis e dependentes do exterior (Portugal, Espanha, Grécia, Irlanda e em menor escala Itália) mas também não às economias fortes (Alemanha e França).
O €uro forte interessa a vários:
Na Europa, todos os países que estão fora da zona €uro são manifestamente beneficiados com especial relevância para o UK.
Fora da Europa, os dois gigantes que o €uro queria combater, USA e Japão (mais aquele do que este) e os inevitáveis países ditos emergentes (Brasil, Russia, Índia, China, África do Sul e Angola).
Não é por acaso que a cada medida da UE para tentar consolidar as contas dos países da zona €uro, as agências de rating (todas americanas) baixas ou ameaçam baixar as classificações a países da zona €uro e aí, claro que os alvos mais fáceis são as economias menos sustentáveis com Portugal à cabeça.
A solução mais simples, mas teria sempre a oposição do UK e da Polónia, (que estão bem assim, note-se que estas economias não investirão um cêntimo a ajudar a Grécia quando nós, verdadeiros pés descalços, entraremos com €2.000.000.000,00) seria uma desvalorização imediata do €uro para a paridade com o U$ dólar.
As consequências seriam imediatas e tornariam os nossos produtos (mais) competitivos em todo o globo, aumentando fortemente as exportações. Obviamente que seria mais caro importar produtos e passar férias lá fora mas, penso que todos viveríamos bem com essas consequências especialmente porque o aumento da actividade económica e, consequentemente do emprego, nos deixaria menos tempo para férias.
Talvez alguém lá para os lados do BCE (o Constâncio já está a caminho) leia estas linhas e pense no assunto.
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