quinta-feira, 29 de abril de 2010

A Oliva segundo o Avante!

É mais fácil dizer que a culpa é do governo, do que assumir culpas próprias e perceber que as empresas nascem, crescem e morrem se não se modernizarem.
Vem isto a propósito da sempre presente "Oliva" e da "notícia" publicada hoje no "Avante!" pela concelhia de Santa Maria da Feira (já agora, a Oliva fica em S. João da Madeira e não na Feira).
Transcrevo, antes de comentar o referido artigo:


"Governo desistiu da Oliva

A Comissão Concelhia de Santa Maria da Feira do PCP responsabiliza o Governo pelo encerramento da Oliva, empresa metalúrgica com 85 anos de actividade e imenso prestígio. Na opinião dos comunistas, o Governo é responsável pela «passividade com que assiste ao desmantelamento do tecido industrial», que no concelho «atinge níveis preocupantes».
O PCP sempre reclamou por uma intervenção do Estado na busca de uma solução para viabilizar a Oliva, lembra, em comunicado, a Comissão Concelhia. Mas a reivindicação do PCP no sentido de se recorrer à Caixa Geral de Depósitos ou a fundos especiais de apoio às empresas não foi tida em conta – assim, ditaram o fim da Oliva, a única empresa a produzir peças para o ramo da indústria do automóvel pesado.
Mas os comunistas não acusam o Governo apenas de passividade. Já que este, através da Segurança Social, votou favoravelmente o encerramento da Oliva. Até pode ser «menos uma “chatice” no imediato», mas a verba a despender num ano para as prestações devidas aos trabalhadores resolveria a viabilização da empresa.
Os comunistas sempre criticaram também a Câmara Municipal pela falta de empenhamento demonstrada na procura da viabilização da empresa. Pedia-se, no mínimo, uma denúncia da inacção do poder central. «Não basta dizer que ningém queria comprar a empresa, era necessário considerá-la como um bem a preservar.»"

Algumas coisas fazem confusão neste artigo de qualidade mais do que duvidosa. Omite-se durante todo o texto que a Oliva está em S. João da Madeira e mesmo quando se refere o suposto alheamento da câmara municipal, não se indica o município.
A Oliva é será sempre (tal como a Sanjo) património industrial e cultural de S. João da Madeira e, pela experiência que tenho, posso afirmar que sempre foi acarinhada pela câmara municipal, independentemente do presidente em funções.

Depois insiste-se na teoria de que injectando cerca de € 3.000.000,00 através da CGD a empresa seria viabilizada, ignorando, ou melhor, omitindo que devido à não modernização e redimensionamento a Oliva apresentava produtividades de cerca de 20% da produtividade das empresas de referência na fundição de ferros fundidos e não referindo que, com a última gestão nunca apresentou resultados operacionais positivos.

As minhas perguntas aos senhores da concelhia de Santa Maria da Feira são:

- Sabem fazer contas?
- Sabem o que é gestão?




quarta-feira, 28 de abril de 2010

O mapa de benefícios


O blog "balanced Scoredcard" vai publicando artigos sobre gestão muito interessantes.
Um destes dias um artigo muito simples (e curto) chama-nos ao básico e apela à nossa reflexão sobre o que são os anseios dos nossos clientes e os benefícios que as nossas empresas produzem.
Vale a pena ler...




Quando facilito o exercício de retratar as experiências que farão com que os clientes-alvo fiquem satisfeitos é sempre muito difícil convencer as empresas a distinguir aquilo que é trivial daquilo que é realmente estratégico.
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O que gera a satisfação dos clientes-alvo não é o normal, não é o corriqueiro, não é o esperado. Uauu!!! A EDP é espectacular, a energia não falhou hoje!!!
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O que gera a satisfação dos clientes-alvo é o que os surpreende, é o que é diferente.
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Há anos estava na moda diferenciar atributos explícitos de atributos implícitos. O que é implícito não gera satisfação, quando muito gera insatisfação quando falha.
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Cindy Barnes, Helen Blake e David Pinder, no seu livro "Creating and delivering your value proposition" apresenta um mapa, o mapa dos benefícios, que me parece uma boa ferramenta a testar para atender à vontade das empresas e colocar todos os benefícios no retrato do que vai compor a experiência dos clientes-alvo satisfeitos e, em simultâneo, destacar o que faz a diferença do que é banal e implícito.

Os "ramos" das experiências implícitas básicas ficarão pelos benefícios esperados e podem ser vistos como os alicerces escondidos sobre os quais assentam os benefícios aumentados (a diferenciação: "Once you have separated out the expected benefits, you will find yourself working with additional, or ‘augmented’, benefits. These are areas where clients were pleasantly surprised, even delighted, to receive value and benefits that they hadn’t expected. These are the
benefits that will be the most useful to you when understanding why you are providing different and significant value to your customers. In other words, it’s the maximum value experience") e os benefícios potenciais (o UAUUUUUUUU).


Banca Rota, que soluções?

Portugal aproxima-se vertiginosamente da banca rota (para utilizar a expressão de 76) apesar de quase todos o tentarem negar. Na realidade não o negam, politicamente dizem que a nossa situação não é igual à Grega e têm razão pois a nossa queda é mais lenta que a Grega mas, o resultado será inevitavelmente o mesmo, bater no chão ou a banca rota.

Obviamente que a situação é preocupante mas não é o fim do Mundo. Antes ou depois da banca rota teremos de tomar acções claras e dolorosas que serão tão mais dolorosas quanto mais tarde forem tomadas, com a agravante de que se aguardarmos pela banca rota seremos empurrados pelo FMI e pela CE, e teremos de seguir as suas regras (mais ou menos como em 76).

Neste momento precisamos de um governo de salvação nacional (cá está 76, outra vez) e a disponibilidade demonstrada hoje (ontem) por Passos Coelho é um bom sinal mas, duvido que a nossa classe política tenha coragem para tomar as medidas acertadas que a meu ver terão de se enquadrar nas seguintes e ser imediatas:

1 – Limitar as pensões de reforma a um máximo de € 3.000,00 (excepção para os ex- Presidentes da República);

2 – Congelar as entradas na função pública (especialmente nos serviços municipais) em todos os serviços, com excepção da saúde e da educação;

3- Limitar o número de alunos por turma a cerca de 15 e criar um ensino exigente e por níveis (isto é desdobrar os programas e as turmas em vários grupos, por nível de aprendizagem) com esta medida além de se aumentar a exigência e qualidade do nosso ensino serão criados bastantes postos de trabalho pois os professores actuais não serão suficientes ;

4 - Acabar com os horários zero em toda a função pública e especialmente na educação;

5 - Cortar na despesa militar equacionando, a médio prazo, limitar os efectivos aos mínimos exigidos para honrar os acordos internacionais;

6 - Isentar de IRC, por um período de 5 anos, todas as empresas que invistam 75% dos lucros líquidos (90% para o sector terciário). Esta medida levará a uma inevitável renovação da nossa indústria, agricultura e pescas que resultará numa maior competitividade e num aumento de emprego;

7 - Aumentar o salário mínimo para € 550,00 a € 600,00. Esta verba é directamente injectada na economia pois será (quase) inteiramente transformada em consumo e terá benefícios consideráveis ao nível da satisfação global dos trabalhadores;

8 - Aumentar o IVA, por um período de 5 anos, para 23% (25%?);

9 - Limitar o número de empresas municipais e “plafonar” os salários pagos por estas;

10 - Obrigar (por normas internas, já que não pode ser por lei) todas as empresas públicas a aprovisionarem-se em Portugal (CP, Estaleiros Navais, Metro, TAP...);

11 - Idem para os municípios e empresas municipais;

12 – Terminar com as parcerias público-privado, em especial no sector da saúde;

13 – Travar e reverter a privatização do negócio das águas;

14 – Portajar todas as auto-estradas com um custo por km definido por lei e igual em todo o território português;

15 – Suspender todas as assessorias de gabinetes privados a ministérios e assembleia da república;

16 - Criar um tecto para os salários dos gestores públicos e abolir os prémios nas empresas públicas.

terça-feira, 27 de abril de 2010

For diversity - Against discrimination


Sendo o problema populacional o maior problema do Mundo seria de esperar que a Europa, que como sabemos é deficitária em população e terá de receber cerca de 50.000 milhões de naturais doutros continentes nos próximos 30 a 50 anos seguisse políticas de integração e acolhimeto exemplares.

Portugal não escapa à regra europeia e perde 10 pessoas por dia (nascimentos – óbitos), no que diz respeito a naturais do País, mas apresenta um saldo migratório de ~ 70 pessoas em igual período, o que levará a uma maior miscigenação.

Então como compreender que políticas e fóruns europeus como este “for diversity – against discrimination” passem completamente ao lado do que é a informação portuguesa.

Deixo-vos alguma informação sobre o tema e sobre o (pouco) que vai fazendo pelos outros países, informação retirada da newsletter “equalitynews” .

A segunda Cimeira Europeia dedicada à inclusão da comunidade cigana decorreu em Córdoba (Espanha) durante os dias 8 e 9 de Abril de 2010, por ocasião do Dia Internacional do Cigano, enquanto principal iniciativa da Presidência Espanhola do Conselho. Como principais entradas da Comissão a servirem de base aos debates na Cimeira, foram publicados no dia 7 de Abril de 2010 dois documentos de política muito importantes e de grande abrangência ao nível da UE: a Comunicação do Comissão sobre a integração social e económica da comunidade cigana na Europa, COM(2010)133; o Documento de trabalho dos serviços da Comissão dedicado à implementação dos instrumentos e das políticas da UE para inclusão da comunidade cigana 2008-2010 (Relatório Progress), SEC(2010)400. No final da Cimeira, o Trio constituído pelas Presidências Espanhola, Belga e Húngara adoptaram uma declaração conjunta onde realçaram o respectivo empenho em: integrar os problemas da comunidade cigana em todas as políticas relevantes, dando origem a um mapa para as actividades da Plataforma Europeia para inclusão dos ciganos, e garantir o uso eficaz dos Fundos Estruturais da UE para apoiar a inclusão da comunidade cigana. Detalhes

Enquanto parte do programa PROGRESS, que apoia actividades nacionais que visam a sensibilização para a discriminação e a promoção da igualdade, a Royal Association for Disability and Rehabilitation (RADAR) publicou um manual e um DVD no Reino Unido relativos ao Disability Equality Duty. Esta ferramenta legislativa obriga as autoridades públicas a promoverem activamente a igualdade para as pessoas com deficiência durante a execução das respectivas funções. Define responsabilidades legais específicas, incluindo a eliminação da discriminação e do assédio e a necessidade de ter em conta as deficiências de uma pessoa deficiente.

O manual e o DVD apresentam o título 'Lights, Camera, Action: Promoting Disability Equality in the Public Sector' (Luzes, câmara, acção: promover a igualdade dos deficientes na função pública) e deram resposta à necessidade de uma linha de orientação para as autoridades públicas e as pessoas com deficiência em matéria de implementação e da utilidade do Disability Equality Duty nas respectivas organizações. Fornecem exemplos de boas práticas neste contexto. As entidades públicas possuem agora um recurso de valor incalculável à sua disposição, que podem consultar para tentarem compreender as suas obrigações ao abrigo da lei. As pessoas com deficiência podem seguir esta linha de orientação para colocarem a lei em prática e maximizarem o seu possível impacto positivo no local de trabalho.

Para além disso, a RADAR produziu um documento direccionado para as organizações a nível da UE que procuram implementar uma obrigação semelhante na função pública do seu próprio Estado Membro. Têm o título 'Beyond Good Intentions' (Para além das boas intenções) e está disponível em Inglês, Holandês, Francês, Alemão, Italiano, Polaco, Português e Espanhol Este documento explica a lei e discute o seu impacto nos diversos sectores no Reino Unido, com vista a promover os benefícios deste mecanismo legal noutras áreas. http://www.radar.org.uk/radarwebsite/tabid/243/default.aspx




domingo, 25 de abril de 2010

25 de Abril versus transição espanhola

Muitos tentam justificar a falta de desenvolvimento de Portugal com o 25 de Abril sendo cada vez mais comum ouvir elogios a Salazar e à sua estúpida política que nos condenou à tristeza, à ignorância e à dificuldade de afirmação.

É costume, cada vez mais, ouvirmos em jeito de comparação, que olhemos para Espanha para percebermos como com numa "transição" pacífica para a democracia Franco teve a capacidade de contribuir para o desenvolvimento do seu país.

Lembro-me(vos) isto hoje porque é 25 de Abril e faz hoje 36 anos que uns valorosos capitães, de uma forma bastante desorganizada (tanto que se esqueceram que para controlar um país tem que se controlar a economia), apearam uma ditadura podre de meio século e porque aqui ao lado vemos um país, o tal mais desenvolvido, fissurado de alto a baixo, de Madrid a Barcelona, da Andaluzia à Galiza porque a tal transição de paninhos quentes permite que os saudosistas de Franco queiram julgar o juiz que mais terá feito na Europa pelas vítimas dos crimes das ditaduras.

Cabe aqui uma outra interpretação para estes factos.

Franco não limitou a economia espanhola da forma que Salazar o fez com a portuguesa, e só por aí contribui para o desenvolvimento dos nossos amigos mas, Franco condenou à pobreza o País Basco (que é hoje a mais rica região espanhola). O País Basco desenvolveu-se com a democracia, apesar do terrorismo da ETA.

Os grande problemas de Espanha são o terrorismo, a liberdade e os casos mal resolvidos com o franquismo.
Espero que o bom senso vença e que Baltazar Garzón não seja levado a tribunal mas, caso seja julgado pelo crime de defender a memória dos que sofrerem com a vida a ditadura franquista, torço pela sua absolvição para que Espanha possa viver sem remorsos.

Franco não tinha princípios.

Franco matou com seis tiro no peito o seu arqui-inimigo Trigo (membro destacado do PCE e avô do meu grande amigo Mariano Cédron), depois deste se render, após terem cercado a casa onde estava escondido, e daí sair desarmado e com as mãos atrás da nuca.

É também por episódios como este que devemos estar gratos e festejar o 25 de Abril.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Eles são nossos filhos!
























































Uma amiga com a consciência sempre atenta e preocupada com as injustiças deste Mundo, que teimamos esquecer todos os dias, fez-me chegar este magnífico conjunto de fotografias.

As crianças são lindas, mas não sabem o que é ser criança pois têm que trabalhar para nós comprarmos magníficos produtos a preços impossíveis.

Nós somos responsáveis por estas vidas não vividas e tão sofridas.

Cada acidente que tira a vida a uma delas nada nos diz, cada dedo amputado, cada noite não dormida, cada refeição não comida...

Nós que temos culpas próprias, até quando vamos admitir que este se passe com estes que também são nossos filhos?