sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Oliva, outra vez!

Transcrevo, aqui, as notícias publicadas nos dois semanários de S. João da Madeira sobre a Oliva e os processo (insolvência e lay-off) que a empresa tem em curso.

Claro que não me limito a transcrevê-los pois, como antigo trabalhador, não posso ficar indiferente à agonia desta que foi uma grande empresa e o ex-libris de S. João da Madeira. Os dois processos têm sido (mal) tratados por uma administração que demonstra uma ignorância gritante no que se refere ao tema fundição (quanto ao tema económico-financeiro, o próprio processo de insolvência e a dívida acumulada em 4 anos falam por si).

A aplicação do processo de lay-off, com um regime de 5 dias de trabalho durante cada mês revela o desconhecimento profundo, não só do negócio em si, como dos equipamentos que possuem e das condições particulares da empresa além de demonstrar um profundo desprezo e desrespeito pelos funcionários.

Manter trabalhadores reformados trabalhar demonstra a incapacidade de uma empresa se renovar e demonstra também que esses trabalhadores consideram que o know-how que adquiriram ao serviço da empresa é um activo seu e não da empresa mas, manter reformados a trabalhar numa empresa que está em regime de lay-off e a braços com um processo de insolvência demonstra profunda ignorância, falta de visão de futuro e um achincalhamento a todos os outros trabalhadores.

Um processo de lay-off que não abrange os quadros médios e superiores é um embuste e mais uma vez, o desrespeito pelos restantes trabalhadores especialmente pelos que auferem menores salários.

Obviamente que todos teriam a ganhar com o fecho da Oliva (perdoem-me os trabalhadores) mas a Oliva não tem condições para estar no mercado, pelos pontos que a seguir exponho:

- Tem um nível de produtividade que é 10% do ideal e cerca de 20% de uma qualquer empresa do sector;

- Em 15 anos apresenta o 3º processo de insolvência, ou seja, tem vivido à custa dos fornecedores e do estado;

- Há muito que perdeu a certificação do sistema de gestão da qualidade;

- A capacidade técnica que foi durante tantos anos apanágio da Oliva desapareceu;

- Os equipamentos existentes estão em fim de vida;

- A estrutura dos serviços de apoio à actividade industrial (armazéns, recursos humanos, compras, vendas, financeiro, etc…) é dos anos 60 e baseia-se no compadrio e na incompetência.

Por tudo isto, e por muito mais, espero que 2ª feira, administrador de insolvência, juiz e credores digam não à continuidade da moribunda Oliva.

De “O Regional”

Oliva 1925 quer avançar com mais seis meses de suspensão temporária de trabalho (lay-off). A decisão será tomada esta tarde, no plenário para o qual foram convocados funcionários da empresa, e, se a proposta for aprovada, o lay-off entrará em vigor a 2 de Novembro.

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A administração da empresa metalúrgica Oliva 1925 em S. João da Madeira deu a conhecer, na passada sexta-feira, dia 16, aos 184 trabalhadores a decisão de aplicar mais meio ano de lay-off, precisamente na altura em que termina a primeira suspensão temporária de trabalho.
David Soares, membro da comissão de trabalhadores daquela empresa, confrontado com o inesperado da notícia, apesar de não ser dos trabalhadores mais antigos, reconhece à nossa reportagem que o ambiente continua a ser de “profunda desilusão e de profundo desgosto pelo arrastar da situação”. Diz que a Oliva está em processo de insolvência desde o início de Setembro e que, estando uma assembleia de credores agendada para o dia 26, “serão eles a ter a última palavra”. Este membro da comissão de trabalhadores diz que “isto já é um bocado cansativo e estamos todos muito cansados desta situação”. Salientou que, por parte da administração, já “existem metas definidas e era melhor colocar os trabalhadores informados, para não andarmos sob esta pressão”. Diz não ter dúvida de que “contávamos com uma situação final um bocado mais penosa” e, por isso, reforça que “a administração já deve ter ideias definidas e estão a protelar”. David Soares referiu também que “há contratempos a nível de licenças ambientais” e, “portanto, não acredito muito na viabilização da empresa”.
Adelino Nunes, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas dos distritos de Aveiro, Viseu, Guarda e Coimbra, confirmou que a Câmara não renovou as licenças ambientais “para a Oliva produzir”. O sindicalista, em declarações à Agência Lusa, afirmou não acreditar que o presidente da Câmara “assuma a responsabilidade do encerramento da Oliva e do desemprego de quase 200 trabalhadores, só por falta de uma licença ambiental”, frisa o dirigente do sindicato.
Adelino Nunes entende, por sua vez, que, apesar disso, a metalúrgica “tem que alterar os seus procedimentos ambientais” e que o plano de viabilização a implementar na empresa deve reflectir essa postura.
Referindo-se tanto à administração da Oliva 1925 - Soluções de Fundição SA, como ao gestor judicial nomeado para acompanhar a respectiva insolvência, o dirigente sindical declara: “Têm-nos dito que a intenção é recuperar a empresa e, a ser assim, esta questão ambiental é importante”.
Relativamente ao papel que os credores da metalúrgica podem ter nesse processo, Adelino Nunes acrescenta ainda à agência de informação lusa que esses “têm mais a ganhar em apoiar a viabilização da Oliva do que em decidirem--se pela sua dissolução”. Pois “estes trabalhadores têm muita antiguidade e o valor das indemnizações seria muito elevado”, explica. No caso do encerramento da empresa, “a quase totalidade do património da Oliva seria para pagar essas compensações”.
Recorde-se que a decisão de pedir a declaração de insolvência da empresa foi tomada a 13 de Agosto.
Segundo a comissão de trabalhadores, esta proposta prevê ainda que o capital social da empresa (50 mil euros) seja reduzido, para cobrir prejuízos. Recorde-se também que o segundo maior credor da empresa é uma firma de comércio e indústria química, de Valongo, seguindo-se o Instituto de Segurança Social, onde a empresa sanjoanense deve cerca de meio milhão de euros. A relação dos cinco maiores credores termina com uma empresa de recolha e reciclagem de resíduos e uma sucateira.
Na lista de credores constam ainda 193 trabalhadores, aos quais a Oliva deve mais de 200 mil euros em salários. As dívidas à maior parte dos trabalhadores não chegam aos mil euros, cada. Contudo, há um conjunto de 21 funcionários a quem a empresa deve entre dois e sete mil euros, cada. Entre estes, destaca-se o administrador único da empresa, Alexandre Bastos, a quem a Oliva deve quatro mil euros em salários.
A nossa reportagem tentou contactar os administradores da Oliva 1925 - Soluções de Fundição S.A., mas o mesmo não foi possível, já que nenhum administrador se encontrava disponível para esclarecer a situação.

Do “Labor”

Oliva quer mais seis meses de lay-off

Oliva propõe aos trabalhadores mais seis meses de lay-off. Operários decidem hoje se aceitam. Dívidas aos trabalhadores podem ditar a viabilidade da empresa que precisa continuar a laborar para pagar a todos os credores

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O Oliva pretende prolongar o regime de redução temporária do período normal de trabalho (lay-off) por mais seis meses, conforme o labor apurou junto de um trabalhador e do sindicato dos metalúrgicos. A empresa está em lay-off desde Maio. Este período deveria terminar no final de Outubro, altura em que se realiza a primeira assembleia de credores da fábrica, declarada insolvente em Agosto.

Ao que o labor apurou junto de um trabalhador, a Oliva terá proposto, na passada sexta-feira, aos 184 funcionários prolongar o período de lay-off por mais seis meses. A decisão dos trabalhadores deve ser tomada esta quinta-feira, em plenário para o qual foram convocados pela empresa. De acordo com a Agência Lusa, acaso os trabalhadores acedam à proposta da empresa, o segundo período de lay-off deve começar a 2 de Novembro.

À rádio TSF, um membro da Comissão de Trabalhadores (CT), José Marques, alertou que os funcionários já tiveram um “grande prejuízo ao nível de salários”. De momento, José Marques disse não saber “se os trabalhadores estão na disposição de continuar com o prejuízo”. Ao labor, o dirigente sindical que acompanha o caso, Adelino Nunes, disse que este segundo período de lay-off, a realizar-se não influencia o processo de insolvência da empresa. Adelino Nunes ressalvou, no entanto, que caberá aos credores, que reúnem em assembleia, pela primeira vez, dia 26, decidir se têm mais a ganhar ou a perder com a viabilização ou encerramento da fábrica. No parecer do sindicalista, os credores têm mais a ganhar com a viabilização da empresa em regime de lay-off. Adelino Nunes alertou para o facto de o montante da dívida aos trabalhadores ser de tal ordem que pode ser necessário todo o património da empresa para a sanar. Neste cenário, “a inviabilização da empresa pode significar que os credores não receberão nada dos créditos”, alerta. Adelino Nunes admite ainda que os credores não cheguem a uma conclusão na primeira assembleia que se realiza na próxima segunda-feira.

Prorrogar o lay-off

De acordo com o Código do Trabalho, o período inicial de redução temporária do período normal de trabalho, que pode ir de seis meses a um ano, dependendo do fundamento, pode ser prolongado, no máximo, por mais seis meses. Para tal o empregador deve comunicar por escrito a respectiva intenção e tempo previsto de prolongamento à estrutura representativa dos trabalhadores. O labor sabe que a empresa comunicou com os trabalhadores neste sentido na passada sexta-feira, 16. No caso da CT não se opor, por escrito, num prazo de cinco dias, o prolongamento pode acontecer. Ou seja, os trabalhadores têm até amanhã, 23, para elaborar um parecer acerca da proposta da Oliva.

O labor apurou, junto de um trabalhador da fundição, que os termos do prolongamento proposto pela empresa são os mesmos acordados em Maio. Ou seja, caso os trabalhadores aprovem, a empresa deve continuar a laborar cinco dias por mês com a maioria dos funcionários. Contudo, é de salientar que a empresa alterou os termos da redução temporária do período normal de trabalho em Junho e Julho. Nessa altura, alguns trabalhadores passaram a laborar 12 ou 13 dias por mês.

O labor contactou a empresa não tendo conseguido obter nenhuma declaração.

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