Após os dois actos eleitorais, olhei para os resultados, relembrei as duas noites passadas a ouvir os fazedores de opinião e dei comigo a pensar que nenhum deles, nem qualquer órgão de comunicação social (pelo menos os que frequento) tinham feito uma análise que me deixasse convencido.
Se assim é, qual a análise mais correcta ou aquela que convence?
Pensemos;
Após 4 anos de governação errática, muita teimosia, tomada de medidas duras para o povo e um esforço para endireitar muita coisa que estava mal, o governo de Sócrates parecia decisivamente derrotado e com ele o PS. Na lógica vigente, o grande rival ganharia sem fazer qualquer esforço, bastava que se apresentasse nas urnas a 27 de Setembro para comemorar uma estrondosa vitória. Essa vitória não seria mais que a continuação da festa do 7 de Junho.
Mas assim não foi e não só o PS ganhou as eleições, como o PSD ficou uma votação fraquíssima, a CDU ficou mais uma vez na mesma e os extremos cresceram como nunca tinha crescido.
Vai daí conclui-se que acabou o centrão e que CDS e BE passarão a ser fiéis de balanças ora à direita, ora à esquerda e que de agora para o futuro há que contar com eles.
Passados 15 dias quando de novo se vai às urnas e todos diziam(os) que seria a continuação do acto de 27 de Setembro, CDS e BE são pulverizados e enviados um para Ponte de Lima e outro para Salvaterra de Magos, desaparecendo do restante mapa de Portugal.
O PS obtém uma excelente vitória, cresce em votos, mandatos e presidências de câmaras e rouba câmaras importantes à esquerda e à direita. O PSD também ganha, pois apesar de menos votado continua a ter o maior número de câmaras. A CDU segura-se (já só pelas pontas dos dedos) mas perde cerca de 30000 votos o que é, francamente, um mau resultado.
Conclusão,
O que me parece é que parte dos descontentes com o PS e com governo de Sócrates (os de direita) não viram no PSD capacidade para liderar o País e por isso, não tendo coragem para votar de novo PS votaram CDS e a outra parte (os de esquerda e muitos professores) não votando PS, escolheram o BE que para muitos não é bem de esquerda pois tem o líder mais conservador com o discurso mais bafiento, tipo Portas (o Paulo claro).
Como nas autárquicas não havia qualquer constrangimento com o PS ou com Sócrates, o centrão voltou.
Se eu estiver correcto, os deputados do BE e do CDS que aproveitem bem pois o centrão não deixou (nem deixará) de existir e na próxima legislatura voltarão a desinchar.
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