Poucos dias volvidos sobre a divulgação das estatísticas sobre a evolução da população mundial, que se estima ser de 6,6 mil milhões de pessoas, com uma previsão de crescimento que atingirá os 12 mil milhões de pessoas no ano 2050, vem o governo (a reboque do PP e da direita xenófoba) anunciar incentivos à natalidade.
Este tipo de medidas demonstra várias coisas, qual delas a mais grave, todas elas extremamente preocupantes:
- Completo desrespeito pela vida humana e em particular pelos mais pobres;
- Pensar que a Europa é o centro do mundo;
- Trocar convicções por votos fáceis;
- Ter uma visão enviesada do mundo, em que aos “bem nascidos” tudo é permitido e aos quais tudo se deve facilitar e aos menos bafejados pela sorte, porque nasceram em África, na Ásia ou num qualquer país subdesenvolvido da América ou da Europa, nada é permitido seja a pretensão de viver uma vida sem fome ou, cúmulo da ambição, emigrar para um país dito desenvolvido nessa Europa / América onde possam aceder a um trabalho que os autóctones não desejam e normalmente com um salário que envergonha qualquer um que tenha algo que se pareça com princípios. Isto apesar destes “radiosos” países necessitarem de milhões de efectivos para manter o seu nível bem-estar. (Em 2000 estimava-se em 50 milhões a necessidade de emigrantes na Europa a 15).
Estranhamente, ou talvez não, 2010 é o ano do combate à pobreza e à exclusão social, mas nós, seres iluminados, preferimos dizer que é o ano europeu da biodiversidade, até grandes amigos meus, pessoas bem formadas e com princípios inatacáveis já nos chamaram a atenção para este ano europeu, por mim, pelos milhares de milhões de pobres, pelos 212 milhões de desempregados peço-lhes que considerem esta enorme mole humana que apenas sobrevive como a primeira espécie a ser alvo do nosso cuidado.
Olá Luis
ResponderEliminarOs teus textos - mesmo quando discordamos - tem a capacidade de não nos deixar indiferentes.
Fico esclarecido quanto ao que pensas sobre politicas de natalidade/Emigração. Agora acho que as tuas ideias merecem algumas reservas, que passo a assinalar:
- As politicas de natalidade não podem receber injustamente rotulos de extremismo na medida em que da esquerda à direita é consensual que a queda da população é fonte de definhamento do estado social (que penso que prezas); Se por hípotese a tua "tese" não for viável no médio prazo, consideras assim tão inúteis as politicas de natalidade?
- Para quem acredita que a familia é o Centro da Sociedade - e a nossa sociedade está organizada, goste-se ou não - à volta deste conceito, defender mais condições para as familias portuguesas ( não se percebem p.ex que seja mais vantajoso fiscalmente estar solteiro/divorciado do que estar casado) não é "radical" mas sensato.
Fico também com dúvidas - e agora garantindo que estás com os pés bem assentes na terra - se as soluções que advogas são viáveis? Com que enquadramento?
Espanta-me um pouco que nem uma linha gastes com o facto do homem ser um ser Bio-Sócio-Cultural. Sócio-Cultural, i,e com constrangimentos de lugar na cultura com que interage. O homem não é uma folha em branco que se possa moldar da forma que referes.Não podemos transferir pessoas de um lado para o outro como se de carne branca se tratasse. Importa criar, em primeiro lugar, condições para as pessoas resolverem os seus problemas nos lugraes em que vivem.
Não me leves a mal mas acho essas tuas ideias totalmente impraticáveis por razões culturais e politicas.
O melhor que poderemos fazer pelos países do dito "terceiro mundo" é liberalizar o comércio com estes permitindo vantagens comparativas e melhoria geral do nível de vida. E sim deixar de lado o nosso proteccionismo. Mas com realismo. Roma e Pavia não se fizeram num dia. Nem ao outro dia...
De igual forma divulgar/patrocinar politicas de apoio à natalidade. Não podemos ignorar que muitos dos paises "exportadores" de mão-de-obra vivem em estados ditatoriais onde a ignorância potencia a pobreza. Mas infelizmente nos dias de hoje um certo falso pacifismo impede de apontar a dedo os ditadores.
Quanto à emigração esta é do nosso interesse. E ninguém coloca isso em causa. Portugal precisa de emigrantes. E muitos. Agora a ideia temerária de "escancarar" portas à emigração, no teu critério seria, a meu ver, um desastre.
Nota: Sou daqueles "radicais" para quem a Europa é o Centro do meu mundo. E nem por isso respeito menos os não Europeus.
Um abraço
Caro Manel,
ResponderEliminarObrigado pelos teus comentários.
Realmente sobre este tema pensamos de modo bem diferente. Para mim ser europeu é apenas a coincidência de ter nascido aqui, fácilmente poderia ser africano ou asiático, e quero acreditar que pensaria de igual forma idependentemente do sítio onde tivesse vindo ao mundo.
O que me preocupa seriamente é que num mundo sem alimentos para a população actual (se estudaste biologia sabes que desde o século XVI ou XVII, que é conhecida a insuficiência de alimentos para a população, uma vez que esta cresce de forma exponencial e aqueles não a acompanham) se queira aumentar a população excluíndo aqueles que já o são (excluídos) por não o terem o mínimo necessário a uma vida digna.
Quando à questão da família, sabes bem que a considero pedra central da sociedade e em nada as minhas ideias atentam contra ela, mas faz-me impressão que em nome da família se persigam, e excluam, uns quantos que recebem o RSI e se esteja tão pronto a dar dinheiro a quem não precisa (parece que também poderei ser comtemplado pois a Carolina ainda não tem 8 anos), só pelo facto de ter um ou outro filho com menos de 8 anos.
Já agora consegues esplicar-me a barreira dos 8 anos?