Obriguei-me a ler o artigo de publicidade paga (por quem?) “apelo à reavaliação dos grandes investimentos públicos”, publicado nalguns jornais do fim-de-semana e amplamente divulgado por toda a comunicação social. O texto, que todos dizem ser de 28 economistas, é confrangedor.
Caracterizemos primeiro o grupo de iluminados:
- 27 Homens e uma mulher, numa sociedade que reclama a paridade nos cargos públicos e em que elas são a maioria da população, esta distribuição deixa-me sérias dúvidas sobre a mentalidade dos autores,
- O grupo é composto por um amontoado de ex-ministros de má memória (Catroga, Mira Amaral, Daniel Bessa, Augusto Mateus, Miguel Beleza, Cadilhe, Campos e Cunha, João Salgueiro, Silva Lopes e Medina Carreira) sendo que os dois últimos, depois de velhos vieram defender o contrário daquilo que fizeram quando passaram pelo poder,
- A maioria recebe chorudas pensões pelo tempo de trabalho (?) ao serviço de instituições do estado, como sejam Banco de Portugal, CGD, Assembleia da Republica, etc...
- Alguns são bem conhecidos como personagens do norte sofrendo de “antilisboite” aguda.
Que nos dizem?
Pouco mais que nada.
Não querem mais auto-estradas, não querem TGV, não querem novo aeroporto, sobre o querem apenas dizem que querem discutir e querem uma aposta no transporte ferroviário de mercadorias.
Tenho para mim que TGV e novo aeroporto foram sem dúvida os projectos mais amplamente discutidos em Portugal no pós 25 de Abril e que foram ambos aprovados por Bruxelas, negociados a meias pelo PPD/PSD, CDS e PS, pelo que me parece que o que estes senhores querem é ver se conseguem receber mais uns trocados em estudos (que já foram efectuados).
Claramente são contra novas auto-estradas porque apenas utilizam a A1, nas suas viagens Lisboa-Porto ou Porto-Lisboa, A5 para os eventos na Quinta da Marinha e A2 para dar um salto até ao Algarve.
Claro que se vivessem no interior, longe de tudo e de todos, certamente teriam uma opinião diferente.
Quanto ao TGV, não o fazer é uma possibilidade, mas ficaremos ainda mais longe da Europa, basta olhar para a rede de alta velocidade existente e projectada. Quando o fiz lembrei-me da máxima de Salazar “orgulhosamente sós”.
O novo aeroporto é talvez a obra mais discutível, mas tem duas grandes virtudes; (1) descentralizar um grande investimento, (2) criar uma nova cidade e desenvolver outras.
Esquecem-se e mentem os iluminados ao dizer que as grandes obras não criam emprego, todos sabemos que é falso. Obras destas, com tempos de execução da ordem da década são criadores e potenciadores de emprego. É falácia dizer que só as grandes empresas serão beneficiadas por estas obras, pois as obras de construção civil baseiam-se em teias de trabalho, com donos de obra, empreiteiros e sub-empreiteiros a fazerem uma distribuição de trabalho e capital por todo o universo de empresas.
Por outro lado, ao estarem as grandes empresas dedicadas a estas grandes obras, a outras ficarão para as empresas mais pequenas.
O que importa é impor, especialmente no TGV, incorporação de produtos portugueses, quer na linha, quer nas composições e não ter medo e proteger as empresas e o emprego nacionais.
Mas o que mais choca no documento dos iluminados é não apresentarem uma única proposta para o desenvolvimento do país, o que diz bem da capacidade e responsabilidade destes senhores (não conheço a senhora).
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