quarta-feira, 10 de junho de 2009

Equívocos da noite eleitoral

A derrota do PS e de Sócrates nas europeias deu azo a um sem número de disparates, dislates e outros delírios por parte da quase totalidade da oposição e comentadores políticos.

Do náufrago Portas ouvimos que o povo deu uma moção de censura ao governo e que por isso irá apresentar uma no parlamento. Todos sabemos, a começar pelo inefável Portas, que a moção de censura é inócua. E é-o por duas razões, a primeira e ao contrário do que nos querem fazer crer as eleições de domingo foram europeias e não nacionais. É certo que a maioria dos candidatos não gosta de falar da Europa, uns porque a odeiam (BE, CDS, CDU) e os outros porque concordam com o seu estado actual e não o querem mudar (PS, PSD) mas como ninguém quer assumir a sua posição (pode custar votos) é melhor não falar em Europa…mesmo na campanha para as europeias. A segunda é que a moção de censura não tem qualquer consequência. Mesmo que fosse aprovada as eleições não seriam antecipadas.

Os vencedores dizem, logo no discurso de vitória, que o governo está inibido de tomar medidas. Mesmo as mais fundamentais e que foram amplamente discutidas como o TGV e o novo aeroporto (não concordo com nenhuma das obras nos moldes previstos). São as grandes obras que dão emprego ao contrário do que clamam CDS e PSD. Claro que o governo tem legitimidade para governar até ao fim, uma legislatura são 4 anos e não pode ser interrompida por eleições para outros órgãos (basta lembrar que os que pedem que o governo nada faça até Setembro, são os mesmos que disseram que Guterres fugiu após uma derrota em autárquicas).

Louçã ficou ébrio coma vitória (a toda a linha) e esquece-se que 10% não chegam para governar além de que, está muito longe de garantir 10% nas legislativas. A boa performance de Fazenda, Rosas, Portas, Drago e companhia não são suficientes para fazer esquecer os tons doentios e ameaçadores de Louçã, que um dia perceberá que a arte da sedução é mais rentável que a inquisição.

Na CDU nada de novo. É quem melhor tem interpretado os resultados. Sabe que a sua força está nos operários, e que terá de lutar muito para conseguir manter a votação de Domingo. Talvez por isso, e por saberem que o verão é um período de muito fraca mobilização já estão a trabalhar para Setembro. Enquanto os outros festejam eles já estão às portas das fábricas e nos mercados a apoiar as causas dos mais fracos.

Resta o PS, dividido entre os pragmáticos Soares e Alegre (outra vez juntos) e os desesperados (barões, ministros e Sócrates). Uns e outros têm razão. Os primeiros porque há muito chamaram a atenção de que assim o PS não ia lá (luta dos professores, apoio a Barroso…), os segundos porque sabem que se continuarem a governar com o rumo que se impõe, sem eleitoralismos, a vitória em Setembro será uma miragem.

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