segunda-feira, 8 de junho de 2009

Abstenção 2ª parte - a minha análise das europeias

Antes da análise propriamente dita, algumas considerações:

 - A abstenção não foi tão grande como se previa ao início da tarde, mas o seu nível envergonha todos os que lutaram para que nós pudéssemos votar.

 - “Apenas” um boicote em Portugal, e deveu-se à falta de infra-estruturas para a banda larga!

 - Tudo o que vou escrever se baseia em dados oficiosos, e ainda não definitivos, pois faltavam apurar 37 consulados quando escrevi o texto.

 

E alguns pressupostos:

 - Como o PSD e o CDS concorreram coligados em 2004, dividi os seus votos nessas eleições de acordo com a proporção que tiveram em 2009.

 - O acréscimo de votantes de 2009 (163247) relativamente a 2004, distribuí-os pelos partidos na proporção do resultado final.

 

Então vamos à análise:

 

Há uma hecatombe do PS que perde a toda a linha, dos seus eleitores de 2004 cerca de 640.000, votaram noutros partidos. Perde 5 eurodeputados, sendo que 1 é perdido pela redução dos representantes portugueses de 24 para 22. Perde Sócrates porque escolheu Vital, perde Vital porque é trapalhão e fez baixa política. Perde todo o PS porque pensava que eram favas contadas.

 O PSD ganha, porque fica em primeiro e porque em 2004 teve um resultado paupérrimo. Consegue, por ganho ao PS cerca de 180.000 votos. Ganha 1 eleito, relativamente a 2004 e é directamente prejudicado, assim como o PS, pela redução dos representantes portugueses. Ganha Rangel o que para mim é surpresa, perde Manuela porque com este resultado fica refém de mais um (Santana foi lá cobrar – afinal o seu péssimo resultado não era assim tão mau) e também de Portas.

 O BE ganha em toda a linha, é mesmo o grande vencedor da noite. Cresce cerca de 215.000 votos, sendo que rouba 196.000 ao PS, mais do que o PSD. Triplica os eleitos, ultrapassa a CDU e passa para os dois dígitos. (Quando, e se, perceberem que valem muito mais sem Louçã, podem ser alternativa). O BE já é mais que a montra das meninas bonitas!

 A CDU tem meia vitória e meia derrota. Ganha 53.000 votos ao PS, mantém 2 eleitos, cresce em percentagem, volta a vencer em Setúbal, Évora e Beja, mas é ultrapassado pelo BE. A velha guarda está a ficar velha e daqui a 5 anos, Rui Sá e António Filipe, dois brilhantes comunistas já terão 50 anos!

 O CDS tem meia vitória, ganha 48.000 votos ao PS, mantém 2 eurodeputados, não desaparece mas tem que se comparar com sondagens (e não com resultados anteriores) para dizer que ganhou. A grande vitória neste campo é de Portas que mantém o PSD em pressão e como é mestre em chantagem...

 A segunda derrota da noite vai para os movimentos de cidadãos que são cilindrados. Os portugueses podem não gostar de partidos mas odeiam movimentos de cidadãos que se comportam como partidos. Nem o MEP, com todo o colo da comunicação social conseguiu uma vitoriazita.

Há aqui uma lição para os movimentos de cidadãos que proliferam pelo país. Espero que estejam atentos.

 

Em termos mais genéricas podemos dizer que perdeu o centrão, passa de 71% em 2004 para ~58% em 2009, mas isso são boas notícias para a democracia. A ideia que só é possível governar com maiorias absolutas rosa ou laranja era um mito que nos levou a esta crise económica e de valores. Os governos minoritários obrigam a acordos parlamentares que são extremamente salutares.

 A esquerda continua maioritária mas mais plural.   

 Venham as legislativas!

 

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