domingo, 25 de abril de 2010

25 de Abril versus transição espanhola

Muitos tentam justificar a falta de desenvolvimento de Portugal com o 25 de Abril sendo cada vez mais comum ouvir elogios a Salazar e à sua estúpida política que nos condenou à tristeza, à ignorância e à dificuldade de afirmação.

É costume, cada vez mais, ouvirmos em jeito de comparação, que olhemos para Espanha para percebermos como com numa "transição" pacífica para a democracia Franco teve a capacidade de contribuir para o desenvolvimento do seu país.

Lembro-me(vos) isto hoje porque é 25 de Abril e faz hoje 36 anos que uns valorosos capitães, de uma forma bastante desorganizada (tanto que se esqueceram que para controlar um país tem que se controlar a economia), apearam uma ditadura podre de meio século e porque aqui ao lado vemos um país, o tal mais desenvolvido, fissurado de alto a baixo, de Madrid a Barcelona, da Andaluzia à Galiza porque a tal transição de paninhos quentes permite que os saudosistas de Franco queiram julgar o juiz que mais terá feito na Europa pelas vítimas dos crimes das ditaduras.

Cabe aqui uma outra interpretação para estes factos.

Franco não limitou a economia espanhola da forma que Salazar o fez com a portuguesa, e só por aí contribui para o desenvolvimento dos nossos amigos mas, Franco condenou à pobreza o País Basco (que é hoje a mais rica região espanhola). O País Basco desenvolveu-se com a democracia, apesar do terrorismo da ETA.

Os grande problemas de Espanha são o terrorismo, a liberdade e os casos mal resolvidos com o franquismo.
Espero que o bom senso vença e que Baltazar Garzón não seja levado a tribunal mas, caso seja julgado pelo crime de defender a memória dos que sofrerem com a vida a ditadura franquista, torço pela sua absolvição para que Espanha possa viver sem remorsos.

Franco não tinha princípios.

Franco matou com seis tiro no peito o seu arqui-inimigo Trigo (membro destacado do PCE e avô do meu grande amigo Mariano Cédron), depois deste se render, após terem cercado a casa onde estava escondido, e daí sair desarmado e com as mãos atrás da nuca.

É também por episódios como este que devemos estar gratos e festejar o 25 de Abril.

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