Nos últimos dias tenho falado com diversas pessoas que de algum modo se cruzaram comigo na Oliva e concluo, com enorme satisfação, que muitos se dão ao trabalho de visitarem este espaço.
Primeiro e antes de escrever o que quer que seja o meu agradecimento a todos. Aos que lêem o que escrevo, aos que concordam e também aos que não concordam, ou concordando, não gostam.
A verdade é que o que escrevo (sobre a Oliva) corresponde à verdade, ou pelo menos é uma leitura plausível dos factos que se têm sucedido nesta empresa.
Tive hoje oportunidade de consultar o processo (no tribunal de S João da Madeira, uma vez que ainda não há publicação no DR) e fico cada vez mais apreensivo, pois confirma-se a nomeação do director financeiro para a comissão de credores, que sendo uma nomeação legal enquanto credor da empresa, não é compreensível que o mesmo não tenha pedido a sua imediata substituição.
“À mulher de César não basta ser séria...”
Depois toda a argumentação do mau momento da empresa cai na crise internacional, no lay-out desfavorável e no facto de não terem recebido da segurança social € 80.000,00 relativos ao processo de lay-off.
Ora, se nos fixarmos nas contas da empresa e na nota que a mesma enviou aos fornecedores constata-se que desde o início (2004) a empresa apresentou sempre resultados operacionais negativos ou muito negativos, mesmo em anos de grande crescimento de preços e de grande procura.
Quanto ao lay-out aceito que tenha sido prejudicado por uma instalação pouco cuidada dos equipamentos adquiridos, mas a responsabilidade é da gestão não do lay-out.
O facto da segurança social ainda não ter liquidado as parcelas referentes ao lay-off é penalizador e verdadeiro, mas não se podem esquecer os mais de € 500.000,00 que a empresa apresenta como dívidas à...segurança social.
Na minha opinião o grande problema, pelos vistos não identificado pela gestão, chama-se produtividade e enquanto a Oliva não der o salto para 100-120 toneladas / homem ano, não haverá plano de recuperação que resista.
Para atingir esse patamar é fundamental emagrecer as áreas não produtivas ao mínimo, para 100 produtivos não pode haver mais que 10 não produtivos (haverá coragem e capacidade de trabalho para enfrentar este desafio?)
Por último e razão pela qual não acredito que a empresa vá continuar é o facto de, mais uma vez, proporem um perdão da dívida e transformação de dívida em capital.
Hoje, já não estamos na época de viver à custa dos outros, os processos de insolvência com recuperação têm que passar pelo pagamento integral das dívidas, pois só assim se pode acreditar na boa fé das pessoas/instituições.
Tive oportunidade de trocar algumas impressões com o administrador da insolvência, Sr. Dr. Tito Teixeira Germano que me deixou a melhor das impressões, para ele votos de coragem e firmeza neste trabalho.