Há alguns meses, na altura que a CMOvar pediu para aderir à ADRA, tive oportunidade de escrever sobre a água bem público e sobre a asneirada que seria a privatização deste serviço básico referindo-me muito especialmente ao município de Ovar.
Escrevia eu na altura, entre outras coisas, o seguinte:
“Obviamente que deverá ser cobrada uma taxa pelo seu consumo, taxa essa que não deverá ter em conta o consumo absoluto de um agregado familiar mas sim o consumo “per-capita” desse agregado e respeitar o principio de que a quantidade mínima diária para a vida humana deverá ser taxada com um valor simbólico próximo de zero.”
“O tempo tem demonstrado, como noutros sectores, que este movimento leva:
A um aumento dos preços galopante para o consumidor final, facto que se compreende facilmente pois o objectivo deixa de ser servir o cidadão e passa ser apresentar lucros,”
“Como cidadãos e parte mais interessada nesta matéria temos lutar contra este movimento que, a ir para a frente, será mais um factor de exclusão social. “
Ora, como é sabido, Ovar foi admitido na Adra sendo seu membro de pleno direito no dia 1 de Janeiro de 2011 e a gestão profissional, competente e motivada por rápidos resultados, não perdeu tempo e enviou a todos os consumidores as novas tarifas (água e saneamento) que são, por assim dizer, “obscenamente privadas”.
Confiram, por favor, os aumentos ponderados de água e saneamento:
1º Escalão (0 a 5 m3) + 1,7%
2º Escalão (6 a 15 m3) + 3,4%
3º Escalão (16 a 24 m3) + 33,7%
4º Escalão (>25 m3) + 33%
Perante isto, e como não quisemos, ou não fomos capazes, de lutar resta-nos deixar de tomar banho!
P.S.- Ontem estive numa reunião em que estavam presentes vários membros da assembleia municipal e, quando por acaso, se falou neste problema todos assobiaram para o lado, pois na altura própria apresentaram e defenderam esta adesão como a solução de futuro. Já estamos a preparar o futuro, ou pelo menos, a pagá-lo.